Segundo turno: impacto da eleição na geração de empregos
Por Marcelo Olivieri
No
último domingo, o Brasil inteiro foi às urnas votar e eleger os
políticos que irão governar o país nos próximos quatro anos. Se entre os
representantes do legislativo o próximo governo já está definido o
mesmo não aconteceu para o cargo executivo do palácio do planalto. Em
três semanas iremos votar novamente para escolher o próximo presidente
do Brasil e no cenário escolhido ontem temos a escolha entre o candidato
do PSL - Partido Social Liberal, Jair Messias Bolsonaro e o candidato do PT - Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad.
Os
dois candidatos à presidência com maior rejeição irão se enfrentar no
segundo turno, o cenário de ódio e polarização tem dado o tom no debate
democrático. O fato é que, após o dia 28 de outubro, independente do
resultado das urnas, todos perderemos de alguma forma, uma vez que uma
grande parcela da população não aceitará o resultado e não se sentirá
representada pelo próximo governo. Esse cenário de polarização já
conhecemos, é ele quem acentua a instabilidade e a crise econômica que
estamos vivendo nos últimos anos.
Embora
o período eleitoral seja um momento importantíssimo para debater ideias
e projetos do país, pouco se vê sobre o plano estratégico de cada
candidato. Foi pensando nisso que escrevi esse artigo. Proponho uma
reflexão sobre os cenários possíveis imaginando o governo que está sendo
proposto por cada um dos presidenciáveis e qual o impacto que veremos
na geração ou na diminuição de empregos no Brasil.
Por ordem prática vamos avaliar primeiro o cenário com Jair Messias Bolsonaro,
já que esse liderou as urnas com 46% dos votos válidos. No caso de
Bolsonaro o que mais assusta o mercado é o medo do desconhecido, que na
verdade, não é tão desconhecido assim por já ser deputado desde 1991. O
candidato é visto como uma incógnita cercado de instabilidades e
polêmicas. Apesar disso, a indicação do economista Paulo Guedes para o
ministério da fazenda, é bem vista por parte do mercado e traz certa
segurança quanto as capacidades de escolha do “futuro presidente”. O
candidato do PSL defende o livre mercado, é a favor das reformas:
trabalhistas, previdenciárias e tributárias, além de propor a
desburocratização do governo e a redução de ministérios.
Pouco
antes do primeiro turno, Jair Bolsonaro recebeu apoio da bancada
evangélica e da bancada agropecuária indicando certa governabilidade
caso venha a ser eleito no 2o. turno. Outro fator que fez com
que o mercado econômico reduzisse a desconfiança no candidato foi a
queda do dólar e o aumento da bolsa de valores logo após as pesquisas de
IBOPE e DATAFOLHA que mostraram um aumento da intenção de votos ao
candidato na última semana pré-eleição. Dentro desse espectro, o mercado
se sente mais confiante e podemos então esperar uma maior geração de
empregos e uma retomada econômica ainda que com boa dose de “pés no
chão”.
Do outro lado, com 29,3% dos votos válidos, Fernando Haddad.
Quando se compara carisma e discurso o candidato do PT ganha de seu
oponente. Mas, seja por decisões de campanha ou por simplesmente ser o
candidato que representa o governo dos últimos 16 anos e,
consequentemente, todos os escândalos de corrupção que assolaram o
Brasil recentemente, Haddad tem configurado um risco muito grande para o
mercado. Em todo o primeiro turno, o candidato ignorou propostas para
retomar a economia e mais do que isso, o plano de governo apresentado
deixou o mercado assustado quando abertamente criticou reformas
importantíssimas para tirar o Brasil da crise. Não fosse esse completo
silêncio para o mercado econômico, talvez Haddad diminuísse o medo de
alguns setores. Acredito que no segundo turno essa movimentação será
feita e então teremos uma previsão sobre sua capacidade de governar
junto com a câmara e com os senadores.
Ao
declarar a convocação de possíveis plebiscitos e/ou referendos caso
haja discordância entre executivo e legislativo, o candidato criou um
clima de insegurança que aumenta o medo de alguns setores, e afasta,
ainda mais, os investimentos internacionais. Caso venha a ser eleito,
veremos em um primeiro momento o mercado paralisado, aguardando as cenas
e as decisões dos primeiros cem dias de governo. Espera essa que pode
ser extremamente crítica para o avanço do país. Apesar de sua disposição
social, ignorar a economia e posicionar-se contra as reformas da
previdência e trabalhista custou caro, e pode significar mais medo e
receio nos empresários e, portanto, uma maior recessão.
O
resultado das urnas, uma vez que foi bem diferente do que as pesquisas
eleitorais previram, deixou muita gente abalada já que ainda tínhamos a
esperança de maior equilíbrio entre os demais candidatos nessa primeira
fase das eleições. O fato é que até uma semana antes de irmos para as
urnas o risco de eleger qualquer um dos dois (Bolsonaro e Haddad) era o
mesmo. Mas, algumas movimentações às vésperas da eleição mudaram o
cenário. Se de um lado temos o medo do incerto, do outro temos o medo do
que já conhecemos como sendo governo. O segundo turno passa a ser uma
guerra entre o maior e o segundo maior partido do país, respectivamente o
ANTI-PT personificado na figura de Bolsonaro e o PT de Haddad.
Iremos
acompanhar os próximos dias de campanha, a movimentação que será feita
por cada um dos candidatos e de suas bases, isso deve transformar o
cenário. Ao meu ver a polarização se acentua em uma economia onde as
pessoas não tem emprego, renda e segurança.
Uma
coisa é certa a democracia se faz com visões opostas debatendo e
negociando. Enquanto vivermos esse cenário polarizado, onde todos gritam
e ninguém se escuta, estaremos fadados a enxergar o outro como inimigo.
Mesmo com visões opostas sobre como construir um país mais justo eu
acredito que todos queremos a mesma coisa. Não dá para participar do
debate político coberto de certezas e de razão, é preciso deixar espaço
para a dúvida e dessa forma construir pontes onde todos sejam
representados.
No
final das contas, nos resta torcer para que tanto uma como outra opção
utilize esses quatro anos para colocar o Brasil de volta nos trilhos e
adotar um tom pacificador e conciliador. Desta forma, com o retorno do
emprego e do crescimento da economia teremos um ambiente favorável para a
diminuição da polarização, caso contrário veremos ainda mais
pensamentos extremos, radicalismo e segregação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário