Histórias de vida


Estávamos a trabalho na Austria, em Viena, voltando de um avento na Turquia. No último dia de estada, com folga até 8 da noite pro voo de volta ao Brasil, o jornalista Nelson Faheina e eu, pegamos um trem para passar pelo menos umas tres horas em Budapeste, ali pertinho. Na frontera o fiscal do trem pediu os passaportes e cobrou vistos. Não tínhamos. Não fomos avisados que precisava de visto pra entrar na Hungria. Presos, ficamos na estação, sem os passaportes, por pelo menos tres ou quatro horas que nos pareceu uma eternidade. A Polícia de fronteira fez tudo pra que não tivéssemos visto que poderia ter sido emitido ali mesmo. Nos cobraram uma fortuna pelo visto que eu disse que pagaria. Pediram tres fotos 3x4 que eu sempre tenho, mas Nelson não tinha e me prontiifiquei a arrumar em meia hora. Não adiantou. Estávamos apenas de casacos leves, sem nada nas mãos a não ser os passaportes e algum dinheiro pras despesas de viagem. Eis que chega o trem de volta a Viena. Era o Orient Express. Tínhamos bihete de primeira classe mas fomos tratados "quase" como suspeitos. Havia uma guerra na Bósnia a uns 150 quilometros dali. Fiz de conta que entendi. O Faheina tentou fotografar a cena, mas um portugues que nos ouvira conversando gritou, em portugues: Não fotografem que eles prendem voces. E fomos enfiados no trem de volta a Viena, agradecidos a Deus. Sem os passaportes entregues ao chefe do trem que nos entregaria no desembarque. Vencidos fomos ao restaurante da viatura. Pedimos café e essas coisinhas de começo de dia. Ávido e nervoso, nem bem chegou o pedido, Nelson levou a xícara com o café à boca. Cuspiu apavorado com o pó do café. É que tinha que deixar sentar o pó pra depois beber. É assim o café na Hungria. Pra descontrair a raiva do parceiro aliviei: - Liga, não. A Hungria ainda não descobriu o pano de coar café. Esse assunto vem à baila por conta da sugestão de uma deputada russa que pediu pras mulheres de lá não fizessem sexo com os estrangeiros durante a copa do mundo que começa hoje. Vai ver a Russia até hoje não descobriu a camisinha.

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