A Revoluçao dos Cravos

Alertas contra o populismo e críticas ao Governo marcam sessão no Parlamento

Marcelo Rebelo de Sousa fez da necessidade de prevenir a ascensão dos populismos um tema central do seu discurso
Um discurso de marcação cerrada contra a ascensão dos populismos e críticas da Esquerda ao Governo marcaram a sessão solene com que a Assembleia da República celebrou o 44º aniversário do 25 de Abril.
Coube ao Presidente da República a parte do combate aos populismos. Marcelo Rebelo de Sousa apelou, uma vez mais, à "capacidade de renovação do sistema político e de resposta dos sistemas sociais, de antecipação de desafios, de prevenção de erros ou omissões", mas colocou a tónica no "equilíbrio de poderes", alertando contra "messianismos de um ou de alguns, alegadamente para salvação dos outros". No fim, foi aplaudido de pé pelo PSD, PS e CDS; as restantes bancadas permaneceram sentadas, sem aplaudir.
À esquerda, no BE, PCP e PEV, ouviram-se novamente apelos para que o Governo recue na intenção de baixar o défice deste ano de 1,1% do PIB ano para 0,7% (menos 800 milhões de euros no saldo negativo das contas públicas). Mais uma vez, o que disseram é que essa folga deve ser aplicada em melhorar os serviços públicos, sempre com referências à questão do SNS.
Pelo PS, falou Elza Pais, também chefe do Departamento das Mulheres Socialistas, com um discurso marcadamente feminista e de elogio à conquista "civilizacional" da lei que permite a menores de idade mudarem de género sexual no registo civil (que o PR já fez saber que vetará politicamente).
Ferro Rodrigues, pelo seu lado, pediu aos deputados que estes avaliem "seriamente a possibilidade de alargamento do âmbito da limitação dos mandatos e das acumulações de cargos, e ponderar incentivos eficazes à dedicação exclusiva no Parlamento". Implicitamente em defesa dos deputados insulares, criticados por receberem duplamente subsídio de deslocação para as ilhas, disse ainda que são "desejáveis as críticas e até admissíveis os ataques políticos ao Parlamento e aos deputados". Mas - acrescentou - já "Não são aceitáveis ataques de caráter, qualquer que seja o alvo (...) de qualquer grupo parlamentar ou partido político".
À direita, tanto o PSD como o CDS sublinharam a ideia de que o 25 de Abril não é património exclusivo da esquerda. Pelo PSD falou Margarida Balseiro Lopes, recém-eleita líder da JSD, que falou da revolução como o momento que permitiu a Jerónimo de Sousa "ver o seu partido sair da clandestinidade", a Catarina Martins nunca ter de "encenar uma peça censurada a lápis azul", ao deputado Carlos César "ver os fundadores do PS regressarem a casa", à deputada Assunção Cristas "ser mãe de família e ter uma vida profissional de sucesso" e a Rui Rio (presente no hemiciclo, como convidado) "ser dirigente estudantil em liberdade".
Já o CDS escolheu Ana Rita Bessa para discursar, deputada que afirmou ter a idade da revolução: "A liberdade não tem nem pode ter tutela", disse. A parlamentar aproveitou para atacar o Governo por causa dos incêndios do ano passado: "A verdade é que 44 anos depois, Abril falhou em Junho e em Outubro."
Todos os ex-Presidentes estiveram no Parlamento: Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Cavaco Silva. Mas só um ex-primeiro-ministro (além de Cavaco): Francisco Pinto Balsemão. Tal como acontece desde que António Costa é primeiro-ministro, os capitães de Abril estiveram presentes (Otelo, Vasco Lourenço e Garcia dos Santos, nomeadamente).

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