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Ataques e ameaças de facções geram debate na AL

Na primeira sessão ordinária da Assembleia Legislativa, após os ataques supostamente comandados por organizações criminosas no final de semana, a temática da segurança voltou a dominar os pronunciamentos em plenário. Líder da oposição da AL, o deputado Capitão Wagner (PR) criticou a administração estadual e cobrou a instalação de bloqueadores de celular nos presídios cearenses.
Segundo o parlamentar, mesmo com determinação judicial, a implementação dos equipamentos ainda não foi feita. “Existe determinação judicial, mas o Governo prefere desrespeitar a justiça e não instalar os bloqueadores de celular nos presídios”, criticou.
O oposicionista destacou que, nas redes sociais, o secretário de Segurança Pública, André Costa, e o governador, Camilo Santana, fizeram declaração afirmando que o Governo tem tudo sob controle. “Essa declaração do secretário e do governador já gerou até memes na internet. O povo sabe que no Estado só vemos tragédia atrás de tragédia”, lamentou.
Na mesma linha, o deputado Ely Aguiar (PCdoB) manifestou preocupação com a onda crescente de violência no Estado. Segundo ele, a população está numa situação de “pavor” e apontou o Governo como a solução para o problema. “Essa coisa de dizer que nem super homem resolve é utopia, é falta de conteúdo para justificar uma situação grave, é falta de argumento e de ações concretas. Todos os deputados desta Casa sabem da gravidade”, destacou, lembrando dos recentes episódios de incêndios dos ônibus.
O deputado ainda fez um apelo ao governador Camilo Santana, para que atenda ao “clamor da população cearense” em relação à violência no Estado. O parlamentar pediu que o governador veja a angústia dos cidadãos cearenses, por meio das redes sociais, e reafirmou que acredita na capacidade de resolver a situação. Aguiar lembrou que a maior parte da população de Fortaleza utiliza o transporte público e se encontra apavorada por nunca antes ter visto algo parecido. Diante disso, solicitou ao governador que mude a estratégia, pois, na opinião dele, o aumento da frota de veículos não está surtindo efeito. “Carro não pensa, governador. Quem pensa é a inteligência da polícia. É ela que precisamos fortalecer”, afirmou.
Outro que criticou a situação de “insegurança e pânico vivida pelo povo cearense” foi o deputado Heitor Férrer (SD). Segundo ele, a população continua com medo e ávida por respostas do Governo estadual. “O governador Camilo,com uma crise instalada de segurança pública e violência no Ceará, disse que a violência estava sob controle. Pergunto: sob o controle de quem? Quem está controlando certamente não é o Estado. É o crime organizado diante de um Estado desorganizado, fragilizado, incompetente em dar respostas à sociedade”, afirmou.
Contraponto
Em contraponto, o deputado Evandro Leitão (PDT), líder do governo na Assembleia Legislativa, reiterou a importância do trabalho de inteligência da polícia como prevenção, usando como exemplo a atuação que evitou ataque à sede da Secretaria de Justiça do Ceará, na última sexta-feira.
Segundo o parlamentar, o governador tem investido na polícia e trabalhado com todo o corpo da segurança pública do Estado para evitar e enfrentar a insegurança do Estado. Para Evandro Leitão, a violência é um problema no País todo, resultado da falta de investimento estrutural no passado. O deputado comentou que o Ceará tem investido de forma vultosa em educação, por exemplo, para garantir “um futuro melhor”.
Já o deputado Tomaz Holanda (PPS) pediu aos parlamentares críticos da atuação do Governo do Estado na área da segurança pública que apresentem ideias para solucionar os problemas. O deputado afirmou que o governador Camilo Santana está aberto às sugestões vindas da Casa e citou o projeto do deputado Ely Aguiar (PSDC) que cria o Batalhão de Divisas e que vem sendo implantado no Estado.
Tomaz Holanda disse ainda que Camilo Santana foi o governador que mais contratou policial em toda a história, um total de nove mil em pouco mais de três anos de mandato. Ele comparou com a gestão do governador Tasso Jereissati, que contratou 3.700 policiais em oito anos de mandato. “Camilo Santana fez a maior promoção de policiais da história do Estado, beneficiando mais de 13 mil policiais”, completou.
O parlamentar sugeriu ainda que o Congresso Nacional deveria instalar uma CPI para investigar o tráfico de drogas e de armas. “A prerrogativa maior é da Câmara Federal. O estado do Ceará não produz arma nem droga”, enfatizou.

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