Opinião do Balaio

Ecos do Carnaval 2018: “Ninguém mais sabe o que é o Brasil”

No baile do Copacabana Palace, com o tema “Gipsy”, o ator Diogo Vilella deu a melhor definição do Carnaval de 2018 aos historiadores do futuro:
“O espírito carioca sempre se sobrepõe à tristeza. Mas ninguém está feliz. Ninguém mais sabe o que é o Brasil”.
Ao mostrar de forma tão nua e crua a diferença entre alegria e felicidade, o ator da Globo questiona o que fizemos do nosso país.
A 400 quilômetros dali, no camarote do Bar Brahma montado no sambódromo paulistano, o filósofo pop Leandro Karnal filosofava, claro, procurando uma resposta para as angústias de Vilela.
Pela primeira vez num sambódromo, enquanto as escolas desfilavam, ele explicou à repórter Monica Bergamo o que estava fazendo ali: “Um experimento antropológico”.
E em seguida revelou a sua descoberta:
“Quanto mais triste for o ano, quanto mais dramática a política, mais o Carnaval é agitado”.
Agitação, para quem só viu pedaços da grande festa pela televisão, de fato, não faltou. Foi um agito só como na canção de Caetano, um furdunço geral feito de samba, suor e cerveja, muita cerveja.
As reflexões carnavalescas de Karnal certamente renderão um novo livro, pois já faz algumas semanas que o filósofo não lança um best-seller.
Multidões cantavam e pulavam por toda parte numa incansável procissão profana, que “não tem hora para acabar”, como não se cansavam de repetir os carnavalescos da TV.
Num apartamento no Rio, outro grande pensador, o Gregório Duvivier, ninando a filha recém-nascida, relutava em participar desta festa, mas acabou cedendo e desceu à rua com a mulher para se misturar a algum bloco. Depois, justificou em sua coluna na Folha:
“Daí a gente lembrou por que a gente ama essa cidade, e esse país, porque a gente tem a melhor música do planeta, a gente faz a maior festa popular do planeta, e a gente tem a gente mais legal do planeta, o que a gente precisa é construir um país que esteja à altura dessa festa e dessa gente”.
Boa ideia. Quando tudo acabar na Quarta-Feira de Cinzas, podemos dar mãos à obra.
Sempre é hora para começar esta construção, eu sei, mas antes é preciso saber, como disse o Diogo Vilela, o que é o Brasil hoje.
Quem tem esta resposta?
E vida que segue.

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