Depois da Web Summit, a Maçonaria Summit
Sede
do Grande Oriente Lusitano vai acolher no dia 18 reunião europeia de
obediências maçónicas. Como é da tradição, à porta fechada
Lisboa
parece ter passado a constar com lugar garantido no mapa de grandes
organizações internacionais. A Web Summit terminou quinta-feira e
entretanto já se prepara outra cimeira internacional para a capital:
mais pequena, nada tecnológica, muito mais discreta - mas provavelmente
nem por isso menos influente.
Trata-se,
pela primeira vez em Lisboa, de um congresso europeu de maçonarias,
cuja organização anfitriã será a maior, mais antiga e mais influente
obediência maçónica portuguesa, o Grande Oriente Lusitano (GOL). Estão
convocadas cerca de trinta organizações maçónicas de toda a Europa,
confederadas pela Aliança Maçónica Europeia (AME), liderada pelo belga
Marc Menschaert, e que tem sede em Bruxelas.
O
convite partiu do chefe do GOL, advogado Fernando Lima, recém-reeleito
grão-mestre da obediência, e a AME aceitou. Virão a Lisboa "irmãos"
representando organizações de vários países europeus: França, Bélgica,
Grécia, Luxemburgo, Suíça, Espanha, Roménia, Polónia, Croácia, Turquia,
etc. E também "irmãs", visto que a AME inclui obediências femininas:
além da portuguesa, a Grande Loja Feminina da Bélgica, a Grande Loja
Feminina de Espanha e a Grande Loja Feminina de França.
O
evento terá lugar no dia 18, no Palácio do Grémio Lusitano (sede do
GOL), no Bairro Alto, em Lisboa. Será usado o "salão nobre" do edifício,
o Templo José Estêvão. Tudo, evidentemente, à porta fechada, como é
norma e tradição nas organizações maçónicas. Depois, algures em Lisboa, o
congresso terminará com um jantar juntando todos os participantes. A
agenda não está definida mas preveem-se discussões sobre a emergência de
nacionalismos na Europa e ainda de uma questão a que os maçons dedicam
grande atenção, a laicidade do Estado.
Lóbi oficialmente reconhecido
A
maçonaria é há alguns séculos, na civilização ocidental, uma força com
influência reconhecida (em Portugal foi quem liderou todo o processo que
conduziu ao fim da monarquia, sendo maçons todos os principais líderes
da I República (1910-1926). De há uns anos para cá, na Europa, essa
força já tem estatuto de lóbi oficialmente reconhecido, na sequência de
um diálogo estabelecido nos anos 90 do século passado com o então
presidente da Comissão, Jacques Delors.
Isso
traduziu-se na inscrição da Associação Maçónica Europeia no Registo da
Transparência da UE, uma base de dados da Comissão Europeia que "enumera
as organizações que procuram influenciar o processo legislativo e a
tomada de decisões das instituições da UE". E que, além disso, "dá
informações sobre que interesses são promovidos, por quem e com que
fundos, permitindo aos cidadãos e a outros grupos de interesse
acompanhar as atividades de lóbi e exercer um controlo público das
mesmas".
Este registo implica que todas
as organizações nele constantes revelem todas as interações que mantém
com decisores políticos da UE - uma forma de dar transparência à
atividade, assim reconhecida, do lóbismo (representação de interesses
setoriais). Em Portugal nada de parecido existe - mas para lá se
caminha, por via de um projeto de lei do CDS entregue no Parlamento (que
ainda não foi votado).
A Aliança
Maçónica Europeia afirma que "trabalha para a perfeição da humanidade e
para a construção de uma Europa baseada nos princípios do secularismo e
do respeito pelos valores da paz, liberdade, igualdade, solidariedade,
responsabilidade e, acima de tudo, fraternidade", recordando que esses
são "os princios e os valores que constituem a base para a criação da
União Europeia".
O seu principal
objetivo é "promover os valores e princípios da Maçonaria, especialmente
a liberdade de consciência e pensamento, assim como o direito
inalienável aos ideais da democracia, fraternidade, igualdade de
direitos para todos os seres humanos e dignidade humana, incluindo o
direito à escolha da procriação, da conceção e da extinção da vida".
Além
do mais, "defende o princípio do secularismo", o qual " implica a
separação rigorosa e completa entre as instituições europeias, igrejas e
organizações filosóficas - separação, mas não oposição", empenhando-se
também na ideia de que a investigação científica não pode estar limitada
por razões religiosas.
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