Sonhos e pesadelos
No dia 2 de novembro do ano passado fui a Congonhas do Campo,em Minas
Gerais, cidade monumento que guarda o maior conjunto de arte barroca das
américas, segundo Garmain de Bazin, crítico e historiador francês.
Visita puramente sentimental a uma gente que me fez seu filho, quando
pela generosidade do vereador Dê Miranda, jornalista e empresário, junto
com seus pares, me deu a honra do título de Cidadão Honorário da cidade.
Miranda, defensor intransgente dos interesses
da comunidade deixou em mim, impregnado na alma, os mesmos sentimentos
com que defendeu por toda a vida, até se ir, cada pedacinho de chão,
cada fragmento da história, seja do legado de seus pósteros, seja do
suntuoso legado de Aleijadinho o maior escultor brasileiro que nos doou
os 12 Profetas em pedra sabão e as 66 figuras em cedro rosa dos Passos
da Crucificação. E revi pessoas queridas, lugares estimados, ambientes
comuns à minha distante e feliz juventude na mineiridade como chamava
outro querido amigo, o presidente Tancredo Neves. Foi ali, ouvindo os
Vartuli, os Souza Costa, os Senras, os Monteiro, os Marra, os Miranda ,
os Patrocinio, os Baia, os Cunha, por fim, com a mais mineira das
gentes, que aprendi , na prática, que "mineirice" é quase "mineiridade",
que a desconfiança natural de quem pra ver o horizonte tem que levantar
a cabeça, faz parte do sentimento de ser mineiro, a tal mineiridade.
Foi assim, nessa visita de saudades e de sonhos, que levado por querida
parceira, vi que nós, os congonhenses corríamos riscos, sérios riscos
com a barragem de rejeitos de mineração da CSN, em Casa de Pedra.E
quando ví aquilo denunciei neste face, no blog do macário, na coluna de
papel do jornal O Estado, e por onde passei e falei com autoridades de
Minas e do Brasil, em Brasília que Congonhas era um barril de pólvora,
quase a explodir, como feito em Mariana e no Rio Doce. Ali estava um
barril de lama e ferro, prontinho pra detonar vidas, destruir histórias.
E fi-lo na consciencia de filho, no exercício do jornalismo, na
denunciação cidadã de um desasttre e até de uma tragédia anunciada.
Pois alguém ouviu. Claro que não só meu grito, mas de outros que têm
essas preocupações com a vida dos seus. O Ministério Público e o
Ministério do Trabalho, foram a Congonhas ontem. R multaram e
denunciaram e gritaram o mesmo grito que eu, no ano passado. A mim é
ponto de honra fazer parte da história mais jovem daquela cidade que
cuidou e cuida dessa memória que não pode desaparecer na inconsequencia e
na irresponsabilidade dos argentários ricos, com alma de aço e coração
de pedra. Deus nos proteja e a nossa vida mineira, artística, verdadeira
e honrada.
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