Eu avisei

No dia 2 de novembro do ano passado, estive em Congonhas do Campo,em Minas Gerais terra que, por generosidade de seu povo e por unanimidade dos vereadores me fez seu filho adotivo. Sou Cidadão Honorário de Congonhas pelo carinho de indicação do saudoso jornalista, radialista e vereador José Hélio de Miranda, o  DêMiranda. Reví amigos, gente do meu carinho , pessoas de meus relacionamentos emotivos desde a distante juventude. Na companhia  da empresária Rosangela Vartuli e num encontro com o prefeito Zelinho, vi a cidade, seu crescimento, desenvolvimento e problemas que me afetaram bastante. Naquele dia escrevi uma reportagem tambem publicada neste blog e no face do macário, expondo minhas preocupações com a barragem de rejeitos da Companhia Siderurgica Nacional. Agora há pouco, no noticiário do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, aquele meu dessassossego virou realidade para o momento de Congonhas, cidade que é Patrimonio Cultural da Humanidade, graças às obras de Aleijadinho com seus 12 Profetas e as 66 figuras em Cedro Rosa plantados no caminho da Matriz do Senhor BomJesus de Matosinhos. O que eu disse em 5 de novembro do ano passado foi isso aí:

"Bom dia



E será só Mariana?

Hoje faz um ano da tragédia de Mariana. Mortos deixaram saudades. Fazem falta. Os distritos e cidades ao longo do rio Doce, também morreram e são também apenas saudade. A economia foi embora. A pesca acabou. A alegria acabou. Mariana é mais que um retrato na parede, como diria Drumont e como dói.


No museu de arte de Congonhas do Campo, onde se guardam as histórias de Aleijadinho, a arte barroca e a vida de Feliciano Mendes, o criador da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, guarda em um espaço especial, um pedaço do tempo,com paredes salvas à tragédia para lembranças e alertas.

Congonhas, cidade histórica que guarda o maior conjunto de arte barroca das Américas, os doze profetas de Aleijadinho e as 66 figuras de cedro rosa dos Passos da Crucificação, tem uma dessas barragens. A CSN-Companhia Siderurgica Nacional, minera em território congonhense há dezenas de anos e, como em todos os lugares onde há mineração, tem lá sua barragem de rejeitos e com isso corre seus riscos. A cidade fica a jusante da barragem de rejeitos e todos temem por sua segurança.



A barragem da CSN tem, abaixo, um vale e no fundo dele o Rio Maranhão que corta a cidade. No caminho casas e acampamentos. O que parece um lago, um açude, na verdade é uma das 379 barragens de rejeitos que hoje há no Brasil e que deveriam ser, e não são, constantemente fiscalizadas pelo DNPM-Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do Ministério de Minas e Energia que não tem dor de cabeça com os riscos que correm populações inteiras.




Em um encontro com o Prefeito Zelinho Cordeiro (de camisa azul), naquele instante acompanhado de seu Chefe de Gabinete, Lúcio Coimbra, fiz ver o perigo que a cidade corria. Perguntei se ele não estava preocupado com aquela barragem de rejeitos da CSN e Zelinho desconversou, dizendo que como prefeito, agora reeleito, não havia autorizado a construção de casas e conjunto habitacional no caminho do barramento. Zelinho pareceu não viver o problema do risco.



Como todas as barragens de rejeitos do Brasil, a barragem da CSN, em Congonhas, também está pondo em risco a segurança da cidade. Numa análise mais rápida, o chefe de Gabinete acima citado, Lucio Coimbra, vê uma catástrofe de a barragem estourar. Primeiro entope e represa o rio Maranhão que por seu turno inundará a cidade numa extensão de pelo menos 10 quilômetros eis que seu curso interrompido se espalhará por todo o perímetro central.




Gente humilde que é obrigada a morar no caminho da barragem da CSN diz que desde a tragédia de Mariana não consegue dormir em paz. Há sempre um sobressalto, falam. Seus temores têm fundamento. Estudos mostram que todas, sem exceção, são barragens que trazem riscos à cidades e às suas populações. A vida que se esvaiu em Mariana, poderá não só fazer de Congonhas outro retrato na parede e como aquele doer para o resto de todas as vidas.


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