Com
o intuito de desenvolver as competências socioemocionais de estudantes
da rede estadual de ensino, o Governo do Ceará firmou parceria com o
Instituto Ayrton Senna, nesta segunda-feira (28), por meio de assinatura
de um termo de cooperação para assessoria técnica. A solenidade foi
realizada no Palácio da Abolição e contou com a presença da
vice-governadora, Izolda Cela, da primeira-dama, Onélia Leite de
Santana, do secretário da Educação, Idilvan Alencar, e da presidente do
Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna.
A
pactuação entre Estado e a organização sem fins lucrativos visa à
promoção da educação de tempo integral no Ceará. A ação vai compor
quatro horas semanais a mais na carga horária dos alunos do Estado, a
princípio, em 130 escolas que possuem Núcleos de Competência
Socioemocional, o que corresponde a 20% da rede. Em 2017, foram
selecionados 30 psicólogos, que passaram por treinamento e já estão
atuando.
Izolda
Cela avalia que a assinatura do termo representa um momento inovador,
que traz para pauta a formação mais completa de crianças e jovens ao
cumprir objetivos para além dos saberes básicos na educação pública,
tirando-os de zonas vulneráveis e abrindo mais oportunidades no ensino
estadual. "Estamos trabalhando para a formação de pessoas, formar
cidadãos e cidadãs, capazes de traçar um projeto de vida, ter atitudes
de responsabilidade perante a sociedade como adultos e trabalhadores,
solidários e de convivência pacífica", ressalta a vice-governadora.
Sobre
o avanço das escolas em tempo integral, Izolda explica que não se trata
meramente de prolongar o período do aluno na escola, mas de ampliar os
aprendizados e o cuidado sobre cada estudante. "Só mais tempo não
responde pela qualidade. É mais tempo com mais qualidade, enriquecendo o
projeto pedagógico. Abrimos a possibilidade da equipe da escola ter
condições muito melhores de conhecer cada aluno e saber das
necessidades, planejar tudo de forma mais firme. Os jovens terão mais
tempo para oportunidades e fortalecer o compromisso com a formação",
finaliza.
O
governador Camilo Santana sancionou no último dia 20 de julho a Lei que
define a nova política de Ensino Médio em Tempo Integral na rede
pública estadual de ensino. A Lei autoriza a oferta do Tempo Integral
com jornada diária de 7 a 9 horas ou no mínimo 35 horas semanais, em 71
escolas que já estão em funcionamento, assim como nas próximas que de
forma progressiva vierem a ser criadas.
Instituto no Ceará
Presidente
do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna destacou a evolução do Ceará
na Educação nos últimos anos, e afirmou que o Estado dá um passo
importante ao firmar o compromisso com iniciativas voltadas para
competências socioemocionais. A organização tem ações no Estado desde
1997 e, segundo testemunha a dirigente, registra um crescimento no
desempenho escolar dos alunos da rede pública surpreendente.
"Viemos
para cá num momento em que se tinha indicadores cognitivos muito ruins,
e o Estado abraçou esse compromisso de desenvolvimento das crianças com
toda a força. Hoje o Ceará é referência no Brasil. E hoje quer ser
fronteira como já foi há 20 anos. Ele quer trazer essa inovação para
suas redes, de maneira que ele possa ser exemplo para o Brasil de forma
plena, que as crianças podem ser exemplo não só na escola como também na
vida. O Ceará é mais acelerado. Tem uma garra, determinação e abertura
que deixam os outros estados lá atrás", destaca.
O
instituto envolve apoio às redes de ensino para a construção de uma
visão conjunta de educação integral, que pode incluir ações relacionadas
a políticas de currículo, formação, gestão e acompanhamento para
concretizar essa visão. Na prática, o planejamento de ações
socioemocionais se adequa às necessidades do contexto local, contando
com as contribuições dos profissionais que estão nas redes e buscando
atender às especificidades dos parceiros assessorados.
Em
discurso durante o evento solene, Viviane Senna falou da necessidade de
se olhar a Educação para além da fronteira cognitiva. Preparar o aluno
como cidadão, ultrapassando a barreira dos conhecimentos básicos e
cuidando de sua estrutura emocional de acordo com o contexto social no
qual está inserido. Questão está que envolve não somente Educação, mas
também Segurança, e pode trazer ganhos em diversos setores da sociedade.
Um desafio, segundo ela, não só do Brasil, mas do mundo inteiro.
"O
modelo de escola vigente hoje foi criado no século XIX. Temos uma
escola do século XIX, um professor do século XX e um aluno do século
XXI. O que precisamos é trazer essa escola para o século XXI. Isso
significa mais do que levar smartphones e tablets para escola. Significa
oferecer uma educação que vai além da fronteira cognitiva. O mundo
precisa muito mais do que isso. Hoje o que se aprende na escola só é
linha de largada, não linha de chegada. É preciso ser criativo,
organizador, flexível, inovador, liderar, ser liderado, ter iniciativa,
ter disciplina, foco, tudo isso é necessário para uma pessoa dar certo".
Competências socioemocionais
Dentro
da rede estadual, o Ceará já conta com iniciativas voltadas ao trabalho
de competências socioemocionais. Agora junto a um acompanhamento mais
presente do Instituto Ayrton Senna, detentor de estudos aprofundados de
cientistas de diversas áreas, professores e gestores estaduais terão
mais ferramentas para alcançar mais indicadores satisfatórios no ensino
em todo o Estado.
Titular
da Seduc, Idilvan Alencar pontua que a execução de ações voltadas às
competências socioemocionais agregam de forma considerável nas metas de
crescimento da Educação no Ceará. Para ele, o investimento no
acompanhamento do aluno fora de aula é a grande forma de fazê-lo render
mais em classe, como também torná-lo um cidadão pacífico e de bom
convívio.
"Este
ano, o governador Camilo Santana autorizou a contratação de 30
psicólogos. Eles já foram formados e estão trabalhando nas escolas. São
quatro horas adicionais na carga horária por semana. O Ceará tem obtido
com isso retornos positivos no ensino de Português e Matemática, por
exemplo, através do trabalho socioemocional. Tenho defendido
nacionalmente essa temática. Estamos numa ação muito focada no Ensino
Médio, e essa é a grande novidade da Educação brasileira".
Diretora
da escola Escola de Ensino Fundamental e Médio Matias Beck, no bairro
Vicente Pizon, em Fortaleza, Virginia Vilagran argumenta que o
acompanhamento socioemocional dos alunos é fundamental para se
transformar um contexto social de áreas de risco. Citando o exemplo de
sua escola, que se situa em localidade de alta vulnerabilidade, a
educadora testemunha que saber mais da vida do aluno impulsa o
surgimento de cidadãos cientes, além de saberes básicos, da cultura de
paz.
"O
aluno precisa estar fortalecido socioemocionalmente. Esse
fortalecimento ele não vai encontrar na família, infelizmente. Então a
escola precisa dar esse suporte. Trabalhamos junto com psicólogas,
educadores. Não tem como dar errado. Com ele fortalecido neste aspecto,
poderá ter mais resultados no cognitivo. Trabalhar o socioemocional do
aluno é fundamental para conseguirmos inclusive bons resultados em
termos de cognição. Os professores já participaram de alguns encontros,
os alunos acabam envolvidos por projetos já desenvolvidos na escola que
entram nessa linha, como o de mediação escolar. A gente já está
envolvido. Trazendo o Institudo Ayrton Senna e fortalecendo as
inteligências socioemocionais, acredito que vai ser um grande avanço",
conta.
A
estudante Marina Saraiva, 16, cursa o Ensino Médio na Escola de Ensino
Fundamental e Médio Visconde do Rio Branco, no Centro da Capital.
Engajada em projetos sociais, ela argumenta que ir além da sala de aula é
muito importante para o aluno se sentir motivado a se aprimorar e
acreditar que terá oportunidade de um futuro melhor.
"É
muito importante a escola se aprimorar no sentido de trazer um
acompanhamento mais profundo. Além de ensinar as disciplinas, é preciso
se preocupar com o que o aluno vive, acompanhá-lo no que ele precisa, as
dificuldades do meio em que ele vive. Isso gera influência dentro da
sala de aula. Olhar para o aluno e perguntar sobre suas dificuldades
possibilita um crescimento muito maior para ele", argumenta.
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