Opinião

A República de velhacos

Nas sábias palavras da águia de Haia, Rui Barbosa sentenciou: “Não se deixe enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”. Contestação precisa de um dos maiores juristas da história do Brasil. A questão é que eles não apenas envelhecem, mas também não perdem seus imorais vícios. Permanecem a conjugar em todos os tempos verbais suas devassidões como usurpadores contínuos da sociedade brasileira. Afinal, os canalhas usurpam, usurparam, usurpavam, usurparão, usurpariam, usurpassem, usurparem, usurpem, não olvidando que sinônimo de usurpar é roubo, e quem rouba é inexoravelmente ladrão. Esta prática típica dos velhacos, das excelências que vivem de procedimentos falazes e ardilosos obscurece o caráter patife, devasso e imoral desses vis senhores que deveriam representar a soberania popular.
Não vivemos uma crise. Apenas se jogou fulgor nas práticas secularmente praticadas pelos senhores do poder, uma vez que, a turma que hoje comanda o Brasil não se converteu à corrupção, à putrefação em tempos contemporâneos. Quem conhece política, não de forma rasa e supérflua sabe perfeitamente o que seria dar ao comando do país às pessoas do naipe de Michel Temer, Renan Calheiros, Geddel Vieira, Eduardo Cunha, Aécio Neves, entre outros. Costumas delinquentes do erário.
Infelizmente, não há como se negar que Lula tem suas digitais inapagáveis na elevação dessa gente devassa ao poder, afinal, suas alianças com os velhacos da república oportunizaram essa situação em que o Brasil se encontra. Calamitoso de forma contundente também é constatar de que essa classe adjeta é alvitre de uma sociedade que a ampara; não existe governo casto de uma sociedade corrupta, ou inversamente, não existe sociedade casta com um governo corrupto. Nossa cultura é resultado de um complexo de inferioridade, onde o entendimento nos remonta há mais de 500 anos.
Afortunado nesse sentido, o escritor Nelson Rodrigues ao cunhar a celebre expressão de “complexo de vira-latas”.
Não nos responsabilizamos pelas coisas públicas, não compreendemos o sentido de que o Estado e a conjugação de seu povo, território e sua soberania, e que isso é pertencente e responsabilidade intransferível, irrenunciável dos brasileiros. A mutação de república dos velhacos é a síntese de nosso desapego, de nossa ignorância dirigida de assimilação inconteste da usurpação de nossos direitos, e a substituição de nossas prerrogativas de sermos donos de nosso destino. Terceirizamos nosso futuro, renunciamos nossa cidadania, aceitamos passivamente o trunfo da desonra da injustiça, abrigamos os parasitas, aguentamos os insultos e o palavreio vazio dos assaltantes da república. Coexistimos com velhacos diplomados aos condutores da nação.

Henrique Matthiesen
Bacharel Em Direito

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