Opinião

Guerra à Lava Jato deve tomar espaço de reformas


Igo Estrela/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 05-06-2017, 11h00: Cerimônia em Comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente no Palacio do Planalto em Brasilia. Presidente Michel Temer e presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia. (Foto: Igo Estrela/Folhapress, PODER)
Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Michel Temer em comemoração do Dia do Meio Ambiente

Vencida a batalha no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Michel Temer e seus aliados se armam para guerra ainda mais árdua e, até agora, perdida por todos aqueles que em alguma medida a tentaram encampar: o questionamento sobre os limites da Operação Lava Jato.
Desde que mergulhou na profunda crise política que ameaça seu governo, Temer, seus auxiliares e advogados têm feito ataques ao rito e aos métodos que levaram a força-tarefa a ter elementos suficientes para acusá-lo de obstrução de Justiça e corrupção, por exemplo.
O discurso de que houve abusos e máculas no acordo de delação firmado pelos donos da JBS sustentou o presidente até aqui, mas ele pretende subir o tom. E atua, neste momento, para não fazer o movimento sozinho.
No Congresso, parlamentares da base aliada preparam uma CPI para investigar a JBS e indicam que podem arrastar o Supremo –mais especificamente o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte– para o centro de suas indagações.
Temer, que assumiu o Palácio do Planalto com o discurso de que seria um presidente reformista, padrinho de mudanças impopulares mas necessárias, como as da Previdência, se apresenta agora a um Congresso acuado por denúncias e por delações em série como o homem que está disposto a guerrear com seus inquisidores.
Há um discurso para embalar a nova fase do governo. O peemedebista seria, neste momento, um presidente que tentará "reequilibrar as instituições", um eufemismo para defender a tese de que é preciso impor limites à condução das investigações.
Neste ponto, PT e PMDB, que se engalfinham desde o início do processo que acabou apeando Dilma Rousseff da Presidência, se irmanam.
Entre os petistas é corrente e até mais antigo o discurso de que o país vive, hoje, um "Estado de exceção".
O ex-presidente Lula, figura da política tradicional que ainda detém maior capital eleitoral, é o principal porta-voz dessa teoria.
A ação da Procuradoria-Geral da República sobre Temer e seus homens de confiança como Aécio Neves (PSDB-MG), que se portava como uma espécie de primeiro-ministro informal do governo peemedebista, deu força à narrativa de quem prega que há uma caçada à política como um todo.
Esse grupo tenta, agora, se organizar para colocar em xeque medidas adotadas pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, nas últimas etapas da investigação. É fato que a PGR deu espaço para esse tipo de argumento –ainda que não o julgue defensável– ao, por exemplo, formalizar denúncia com base em fita não periciada, de baixa qualidade e com suspeitas de alterações.
A permissão para que Joesley Batista, da JBS, deixasse o país depois de fazer da política local terra arrasada será explorada. A suspeita de que a empresa teria ganhado dinheiro no mercado financeiro após sua delação explodir, também.
Certo de que não terá qualquer trégua por parte dos procuradores, Temer decidiu pegar em armas. O ápice da crise nacional se dará em cenário de guerra aberta.

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