O causo do Zé
Minhas
campanhas políticas para Deputado Federal, foram difíceis e pobres. A
equipe de trabalho era constituída pelo gordo motorista Vandir,
apelidado de sargento Garcia, e o assessor de “marketing” “para assuntos
aleatórios”, Zé Limeira. Este, filho de Quixadá, ex-chefe dos
engraxates do antigo Abrigo Central, era conhecido no Ceará por ser
apaixonado torcedor do Ferroviário(Ferrim). Zé não sabia ler e nem
escrever, porém fez dois livros. O primeiro foi prefaciado por sua
amiga, a imortal Rachel de Queiroz, e o outro tive a honra de fazer a
apresentação. Pois bem, percorríamos por terra, numa D-20, várias sedes
dos municípios do Estado, inclusive muitos povoados. Nossa propaganda
eleitoral: santinhos com a oração de São Francisco, de um lado, e do
outro a figura do “Padim Ciço”. Além, evidente, de
mencionar o que fiz e ainda pretendia fazer pelo povo cearense. Quando o
cansaço chegava dormíamos na camionete. Essa luta desigual começava em
julho do ano da eleição. Zé Limeira era o grande incentivador.
Conquistávamos votos no corpo a corpo, como se dizia, visitando mercados
públicos, praças, estabelecimentos comerciais, forrós, quermesses, etc.
Campanhas duras, mas honestas. Certa vez, chegamos a um povoado de um
município do Sertão Central. Estava em festa. Era época da novena do
padroeiro. Fomos participar do bingo de uma porca. Zé Limeira muito
entusiasmado teve sorte e “bingou”. Foi buscar o prêmio e lhe entregaram
uma porca de bicicleta. Danou-se, fez uma grande confusão. Conclusão:
na eleição passada eu havia conseguido 188 votos naquele povoado e na
seguinte 26 votos.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC
Ex Governador do Ceará e meu amigo
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