Comitê de Prevenção de Homicídios apresenta dados
de mortes entre jovens
O Comitê
Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência lançou, na manhã desta
segunda-feira (05/06), o relatório “Trajetórias Interrompidas – Homicídios na
adolescência em Fortaleza e em seis municípios do Ceará”, desenvolvido pelo
Colegiado. Também foi apresentado o Índice de Homicídios na Adolescência em
2014, desenvolvido pelo Fundo das Nações para a Infância (Unicef), Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Governo Federal.
Esse
estudo apontou que Ceará e Fortaleza lideraram, em 2014, os índices de
homicídios de jovens entre 12 e 18 anos. O Estado possuía uma taxa de 8,71
mortes por mil adolescentes. Já Fortaleza foi a capital com maior mortalidade
juvenil, com 10,94 mortes/mil. A média nacional é de 3,65 mortes a cada mil
jovens.
O
presidente da AL, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), ressaltou que todos os 46
deputados têm se mostrado sensíveis aos problemas que enfrentam os adolescentes
do Estado. Ele lembrou que a AL desenvolve, há quatro anos, a campanha Ceará
sem Drogas, procurando esclarecer os jovens sobre os riscos da dependência
química.
Entre
outras ações, a campanha estimula a instalação, nos municípios, dos conselhos
de políticas sobre drogas. Na solenidade, o presidente assinou ato deliberativo
que garante a continuidade das atividades do Comitê por mais 18 meses - uma
parceria da Assembleia Legislativa com o Governo do Estado e o Unicef.
A
vice-governadora Izolda Cela (PDT) avaliou como grave a violência que tem
provocado a morte de jovens e adolescentes. Ela ressaltou que há padrões que se
repetem nos territórios – como crime organizado, tráfico de entorpecentes,
evasão escolar, extrema pobreza, falta de oportunidades aos jovens e violência
doméstica.
Para ela,
é necessário um trabalho articulado de diversas áreas para combater o problema.
Nesse sentido, a vice-governadora citou o trabalho do Pacto por um Ceará
Pacífico, que faz uma abordagem intersetorial do combate à violência. Entre as
ações estão a reestruturação do sistema socioeducativo estadual; políticas na
área de educação, além de ações do Poder Judiciário, Defensoria Pública,
Ministério Público, entre outros.
O
deputado Renato Roseno (Psol), relator do Comitê, ressaltou que a primeira
etapa foi finalizada “com um substancial relatório sobre as causas dos
homicídios”, além da apresentação de doze recomendações para diminuir a
mortalidade juvenil. “Agora estamos iniciando o processo de monitoramento
dessas recomendações”, adiantou.
O
coordenador do Unicef para Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Rui Aguiar,
informou que, segundo o relatório Trajetórias Interrompidas, 44% das mortes
ocorreram em 17 dos 119 bairros de Fortaleza – localizados no oeste e sul da
cidade e representando 4% do território. “É como se tivesse uma linha
dividindo a cidade em duas”, explicou.
O
pesquisador Thiago de Holanda, coordenador da pesquisa de campo do trabalho,
disse que o desafio foi dar voz às famílias dos adolescentes vitimados. De
acordo com ele, a maioria das vítimas são adolescentes negros, do sexo
masculino, moradores da periferia, entre 16 e 18 anos. “O primeiro impacto era
a vulnerabilidade, empobrecimento de gerações seguidas, mães jovens, avós
jovens e cenário de sofrimento”, explicou.
Participaram
ainda do evento a desembargadora Vilauba Fausto Lopes; a representante da
Defensoria Pública do Ceará, Michele Caminha, bem como a secretária nacional de
Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial de
Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, Cláudia Vidigal.
Também
compareceram os representantes do Unicef, Gary Stahl; do Fórum de Direitos
Humanos da Criança e do Adolescente, Márcia Monte; do Conselho Estadual dos
Direitos da Criança e do Adolescente, Aurilene Vidal, e de outras secretarias
de Estado e da sociedade.
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