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Justiça suspende ordem de Trump para deportar imigrantes e refugiados

A Justiça Federal dos EUA aceitou na noite deste sábado (28) um pedido da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, da sigla em inglês) para suspender as deportações de refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Irã, Iraque, Líbia, Sudão, Somália e Síria) barrados nos aeroportos americanos após decreto assinado pelo presidente Donald Trump.
A ação foi interposta depois que dois iraquianos foram detidos na noite de sexta-feira (27) no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. O grupo estima que entre 100 e 200 pessoas foram afetadas até o momento pelo decreto.
Nomeada pelo ex-presidente Barack Obama, a juíza Ann M. Donnelly, da Corte Federal do Brooklyn, afirmou em sua sentença que a implementação da ordem de Trump e o envio dos viajantes de volta para seus países pode causar a eles "danos irreparáveis".
Assinada na sexta-feira, a medida suspende a entrada de refugiados em território americano por pelo menos 120 dias e impõe estritos novos controles durante três meses contra viajantes procedentes de Irã, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iêmen.
Mais cedo, Trump afirmou que sua ofensiva contra a imigração muçulmana está funcionando "muito bem". "Está funcionando muito bem. Vê-se nos aeroportos, vê-se em todas as partes", disse a jornalistas, depois que passageiros procedentes dos países citados terem sido impedidos de embarcar em voos com destino aos Estados Unidos. A medida gerou protestos nos aeroportos de Nova York, Washington, Chicago, Minneapolis, Denver, Los Angeles, San Francisco e Dallas.

Stephanie Keith/AFP
Manifestantes protestam contra a restrição à entrada de refugiados e muçulmanos nos EUA
Manifestantes protestam contra a restrição à entrada de refugiados e muçulmanos nos EUA
Entre os que foram barrados no embarque, um cientista iraniano que vinha com uma bolsa para estudar em Harvard, uma família síria que vinha como refugiada, um iraniano estudante de doutorado na Universidade Yale, cinco iraquianos e um iemenita no aeroporto do Cairo. Embora tivessem vistos, foram obrigados a voltar para seus países de origem.
O decreto vai impedir que o diretor iraniano Asghar Farhadi, que venceu o Oscar pelo filme "A Separação" que concorre ao prêmio deste ano com "O Apartamento", vá a Los Angeles para participar da cerimônia em fevereiro.
O veto está sendo aplicado também a pessoas que têm autorização para morar nos EUA, o "green card".
Ao assinar o decreto, Trump evocou os atentados de 11 de setembro em Nova York, em 2001 –mas a maioria dos 19 terroristas eram da Arábia Saudita, e os outros eram do Líbano, Egitos e Emirados Árabes– todos países que estão fora do veto do decreto, e cujos indivíduos não estão barrados nos EUA.
IRÃ
No sábado (28), o governo iraniano classificou a medida de Trump como "uma afronta ao mundo islâmico e à nação iraniana" e prometeu que irá retaliar, impedindo a entrada de cidadãos americanos no país.
Em 2015, segundo dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA, foram concedidos vistos de não imigrantes para 35.266 iranianos entrarem nos EUA, 21.381 iraquianos, 16.010 para a Síria, 5.549 para o Iêmen, 4.792 para o Sudão, 2.879 para a Líbia e 359 para Somália. Os países já fazem parte de uma lista que exige verificação detalhada dos antecedentes dos requerentes de visto, e os iranianos tem taxa de recusa de 40%.

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