MPF recebe relatório da PF que conclui que houve vazamento do Enem 2016
No relatório, PF indica que candidatos tiveram acesso a provas e gabaritos antes do início da aplicação do exame
Em
relatório enviado ao Ministério Público Federal (MPF) sobre inquérito
policial que apura o vazamento das provas do Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem 2016), a Polícia Federal afirma que as provas do primeiro e
do segundo dia do exame, além da prova de redação, vazaram antes do
início da aplicação para, pelo menos, dois candidatos. No relatório, a
PF conclui que houve cometimento de crime de estelionato qualificado no
caso.
De acordo com o procurador da República
Oscar Costa Filho, a íntegra do relatório e peças do inquérito serão
anexadas ao recurso do MPF que tramita no Tribunal Regional Federal da
5ª Região, no Recife (PE). “Uma quadrilha organizada nacionalmente teve
acesso antecipado às provas. Isso compromete a lisura do exame e a
própria credibilidade da logística de segurança que vem sendo aplicada”,
argumenta o procurador.
Em trecho do
relatório, a PF destaca que, após a análise de celulares apreendidos
durante operações nos dias do exame, concluiu-se que os candidatos
receberam fotografias das provas e tiveram acesso aos gabaritos e ao
tema da redação antes do início do exame.
Ainda
de acordo com a PF, os candidatos tiveram acesso à "frase-código" da
prova rosa, o que permitia que candidatos que deveriam fazer provas
diferentes da rosa pudessem preencher o cartão de respostas de acordo
com o gabarito transmitido pela quadrilha, não importando a cor da prova
que o candidato tenha recebido no exame, já que a frase-código é o que
legitima a correção conforme a cor referente à frase.
"Tanto
o gabarito quanto a frase-código foram divulgados antes do exame, o que
garante a responsabilidade de afirmar que houve vazamento da prova",
diz o relatório.
A Polícia Federal aponta,
ainda, que apesar de dois candidatos terem sido presos em operações
policiais diferentes (um em Minas Gerais, e outro no Maranhão), ambos
receberam exatamente as mesmas fotografias com gabaritos das provas,
porém de intermediários diferentes, deixando claro que a origem do
vazamento é a mesma.
Quanto à prova de redação,
a perícia da PF identificou que os candidatos presos iniciaram
pesquisas no Google sobre o tema da redação a partir de 9h38 do dia 6 de
novembro, indicando que tiveram acesso ao tema antes do início da
aplicação das provas.
Entenda -
Em novembro, o procurador da República Oscar Costa Filho ingressou com
ação na Justiça Federal pedindo que fosse decretada a nulidade da prova
de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com o
MPF, o vazamento violou o tratamento isonômico que deve ser assegurado
aos candidatos. Recurso com o pedido tramita agora no TRF5.
Atendimento à imprensa
- O procurador da República Oscar Costa Filho falará com a imprensa
sobre o caso nesta quinta-feira, às 14 horas, na sede do MPF – Rua João
Brígido, 1260. Joaquim Távora.
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