O covarde
Era
uma bela tarde de domingo na cidade de Rosal, próxima à capital do
Estado de São Paulo. Época de férias. Pedro, rapaz elegante, estudante
de administração na USP, bem de vida resolveu visitar sua namorada
Helena, em Rosal. Encontraram-se na praça da matriz, e com
ela foi visitar os pais da moça. Foi bem recebido pelo genitor, o rico
fazendeiro Antônio. Conversaram bastante e já no final Pedro propôs
casamento. “Seu” Antônio tomou um susto, ponderou que a filha tinha
apenas 16 anos e estava se preparando para fazer o vestibular de
medicina. Pedro, temperamental, não gostou. Retirou-se para o hotel. A
jovem chorou pela mal sucedida reunião e à noite, sem que ninguém
percebesse, foi ao encontro de Pedro. Tiveram momentos de amor no hotel
das orquídeas e bem cedo foram no carro do rapaz para a capital
paulista, dispostos a contraírem núpcias. A família de Helena logo
percebeu e o pai, de forma constrangida, autorizou o casamento. Durou
pouco, aliás apenas 60 dias. Pedro logo mostrou seu frágil e perverso
caráter. Além de bater covardemente na moça grávida, não permitia que
ela procurasse um curso pré-vestibular. A alternativa era pedir ajuda ao
pai. Este ao saber da situação, deslocou-se até à capital do Estado
para buscar a filha. Ao chegar foi recebido de
forma grosseira e agredido fisicamente pelo psicopata Pedro. Sua
intenção era assassinar “Seu Antônio”, mas a bala disparada do revólver
ricocheteou e atingiu mortalmente o malvado e irresponsável Pedro.
Helena, levando um filho no ventre, retornou para casa paterna, visando
reconstruir a vida. Infelizmente, às vezes, a vida é assim.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC Ex Governador do Ceará e meu amigo.
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