O biodiesel de Quixadá

Camilo negocia continuidade de Usina com a Petrobras

Na tentativa de manter o funcionamento da Usina de Biodiesel de Quixadá, o governador Camilo Santana (PT) se reuniu, ontem, no Palácio da Abolição, com o diretor-executivo de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino Ramos, e o presidente da Petrobras Biocombustíveis, Luiz Fernando Marinho. A empresa anunciou, em outubro, o encerramento das atividades da usina, que emprega centenas de pessoas da região do Sertão Central do Estado. Na época, a empresa comunicou a decisão de sair do setor de biocombustíveis aos empregados, sindicatos, clientes e fornecedores.
“Fiz questão de solicitar esse encontro para externar que não aceitamos o fechamento da usina de forma unilateral, sem dialogar com o Governo do Estado. Propusemos aos diretores que a decisão possa ser revista até que seja encontrada uma alternativa para manter a usina aberta, seja via Petrobras Biocombustíveis ou por meio de algum outro investidor”, disse Camilo Santana.
A Petrobras avaliou que, de acordo com as projeções, não haveria uma solução para a usina em curto prazo e sem novos investimentos, o Conselho de Administração da Petrobras Biocombustível optou por encerrar a produção de biodiesel no Ceará e assim focar recursos em projetos com maior rentabilidade.
De acordo com o planejamento, o encerramento das atividades levará em torno de seis meses e será realizada por uma equipe multidisciplinar. Atualmente a Usina gera renda para aproximadamente 143 empregos diretos e milhares indiretos – cerca de dois mil agricultores familiares de 16 municípios, que fornecem matéria-prima para a usina.
Em comunicado, a Petrobras disse que os empregados próprios serão transferidos para as outras duas unidades da Petrobras Biocombustível e os empregados cedidos serão realocados em outras unidades da Petrobras. Mas o governo está preocupado com possíveis demissões. “Vamos fazer todos os esforços para que a usina não seja fechada, uma vez que ela emprega centenas de pessoas do Sertão Central. Recebemos a garantia de que a proposta do Estado será levada à presidência da Petrobras e esperamos que o Ceará não seja novamente prejudicado”, citou o governador.
A reunião contou, ainda, com a presença dos secretários Élcio Batista (Chefia de Gabinete), Nicole Barbosa (Desenvolvimento Econômico), Dedé Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Ferruccio Feitosa (Adece) e o deputado federal Odorico Monteiro.
O secretário-chefe de gabinete do Governo do Ceará, Élcio Batista, afirmou que o Estado vai manter o diálogo com a Petrobras para que as atividades se mantenham e vai levar a questão para a direção da empresa e o Governo Federal. “O que ficou acertado é que o diretor de abastecimento vai voltar ao presidente da Petrobras, vai se reunir com ele na quinta-feira, vai colocar o posicionamento do governo do Ceará. E há uma probabilidade de que a gente volte a se encontrar na próxima semana para assinar um memorando de entendimento para a gente colocar quais são as bases para essa relação entre a Petrobras e o Estado do Ceará no que diz respeito aos biocombustíveis”, disse.
Reação
O fechamento da Usina de Biodiesel de Quixadá gerou reações de deputados estaduais e federal. O deputado Chico Lopes (PCdoB) diz que é preciso cobrar esclarecimentos da Petrobras e do presidente da empresa, Pedro Parente.“Enquanto o mundo caminha na direção do combustível mais limpo e menos poluente, a notícia do fechamento da usina de biodiesel de Quixadá causa surpresa e incompreensão. Caso venha a ser confirmada, vai representar um enorme prejuízo para as famílias que foram incentivadas pela mesma Petrobras a plantar mamona para fornecer à usina”, alerta o deputado Chico Lopes, apontando danos para a agricultura familiar, fomentada pela própria Petrobras, que fornecia sementes e assistência técnica aos agricultores.
O assunto já foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará. De acordo com a deputada Rachel Marques (PT), autora do requerimento que propôs a audiência, diz que os danos com o fechamento será irreversíveis. “Com a falta de investimento nesse setor, as regiões agrícolas e adjacências, onde as usinas se localizam, sofrerão um dano irreversível, pois irá incentivar o aumento do desemprego local, a falta de investimento na produção agrícola local, entre outros impactos negativos, já que é de fundamental importância para tais localizações o crescimento da rotatividade econômica que essa estatal gera”, afirma a parlamentar.

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