Machado falou. Falou?

Sérgio Machado confirma pagamento de propina a políticos

Em Fortaleza, o ex­-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi ouvido como testemunha na ação de investigação eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB). Machado chegou e saiu sem dar entrevistas. Conforme os advogados das partes interessadas, que acompanharam o depoimento, o ex­-presidente da
Transpetro reafirmou o que já havia delatado na Operação Lava Jato.
Machado chegou à sede do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE) por volta das 11h50, em carro particular, e desceu no estacionamento, evitando a imprensa que aguardava no local. O depoimento foi colhido pelo corregedor geral da Justiça Eleitoral, ministro Herman Benjamin. Sérgio Machado cumpre prisão domiciliar na capital cearense. Após a oitiva de Machado, os advogados das partes interessada comentaram o depoimento e afirmaram que não houve novidades. Só o advogado do ex-presidente da Transpetro não falou com a imprensa.
O advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, foi o primeiro a deixar a sede do TRE. Ele frisou que Machado reiterou desconhecer pagamentos para a campanha presidencial de 2014. “Nenhuma novidade àquilo que ele disse no termo de delação premiada”, frisou ele, acrescentando que as audiências realizadas confirmam que “não houve contaminação nas eleições de 2014” e, por isso, a tese da defesa é pela improcedência pela ausência de qualquer ilegalidade.
Na mesma linha, a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff também afirmou que o depoimento de Machado confirma que não houve irregularidade e, portanto, não há nada a ser impugnado. “Esta é a 26ª testemunha de acusação que não tem relação nenhuma com o processo. Portanto, isso ajuda na tese de que a campanha foi regular”, disse o advogado Flávio Caetano.
Embora Dilma e Temer tenham seus próprios representantes, Caetano salientou que a tese foi elaborada em conjunto. Ou seja, segundo ele, sustenta que não houve irregularidades, minimizando o assunto.
Já o advogado José Eduardo Alckmin, que representa o PSDB, disse que Machado afirmou desconhecer sobre a campanha de 2014, reafirmando apenas a existência de corrupção dentro da Petrobras e da Transpetro no sentido de articular recursos a políticos. “É a tese que o PSDB sustenta desde o início: de que o dinheiro desviado da Petrobras ­ o que já está sendo comprovado pela operação Lava Jato ­ foi, em grande parte, para bancar campanhas políticas. Mesmo em 2014, porque não se tem como fazer uma coisa estanque. O dinheiro entra para o partido”, pontuou. PMDB tinha o comando da Transpetro, uma subsidiária da estatal presidida na época por Sérgio Machado, e, segundo investigações da Operação Lava Jato, cobrava um porcentual sobre todos os contratos de prestação de serviços da empresa.
Propina
Flavio Caetano, entretanto, disse que Machado reafirmou em depoimento que houve pagamento de propina para Aécio Neves em 1999/2000, quando disputou a presidência da Câmara dos Deputados. Reconheceu ainda, segundo advogado de Dilma, que pagou doações irregulares a políticos do PMDB, DEM e PSDB. Entre eles, Romero Jucá (PMDB) e Aécio Neves (PSDB). “Reconheceu que também pagou doações irregulares a Sérgio Guerra (já falecido), que era presidente do PSDB em 2010. Também doações irregulares ao deputado Heráclito Fortes, ao senador Agripino Maia. E também disse sobre uma contribuição muito grande ao PMDB, principalmente, ao senador Romero Jucá, com doações irregulares”, disse.
Sobre Temer, Caetano disse que Machado mencionou doações ao então candidato a prefeito de São Paulo, em 2012, Gabriel Chalita. O PMDB tinha o comando da Transpetro, uma subsidiária da estatal, presidida na época por Sérgio Machado, e cobrava um porcentual sobre todos os contratos de prestação de serviços da empresa.
Bastidores
No início da manhã, um pequeno grupo liderado pelo vereador Robert Burns (PTC) cobrava eleições diretas. Entretanto, o grupo se dispersou logo após dar início à oitiva de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar e agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) isolaram a área, proibindo a passagem de carros não autorizados.
O presidente do Tribunal Regional eleitoral (TRE), desembargador Abelardo Benevides Moraes, concluiu o depoimento a pedido do ministro Herman Benjamin, que tinha voo marcado para as 14h40 e deixou o tribunal antes do fim dos trabalhos.

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