Trump não diz se aceitará resultado das eleições
No
final do terceiro e último debate não houve aperto de mão entre os
adversários. Sondagem da CNN dá vitória a Hillary: 52% contra 39%
Donald
Trump não quis dizer se irá aceitar o resultado das eleições caso
Hillary Clinton saia vencedora. "Vou deixar-vos em suspense", foi a
resposta do candidato republicano, declarações que Hillary classificou
de "assustadoras".
Este foi talvez o
momento mais marcante do debate, apontado por muitos comentadores como
um tiro no pé Trump. Chris Wallace, o moderador, chegou mesmo a comentar
a frase, referindo "que a transição pacífica de poder é um motivo de
orgulho" dos EUA. "No debate de Las Vegas, Hillary atuou como uma mulher
quase a conseguir a presidência", escreve Eli Stokols no Politico.
A sondagem da CNN dá a vitória a Hillary Clinton: 52% contra 39%.
De
acordo com uma estatística do Politico, Hillary falou 40 minutos, Trump
34 e Wallace 15. Trump interrompeu Wallace 30 vezes e Hillary 37. A
candidata democrata foi mais respeitadora, tendo falado por cima de
Wallace 17 vezes e apenas cinco por cima de Trump.
Trump
começou mais contido do que nos debates anteriores, mas, à medida que o
tempo foi avançando, tornou-se mais agressivo, voltando a recorrer à
polémica dos emails para chamar "mentirosa" a Hillary. Foi quando Trump
começou a ser Trump que Trump começou a perder o confronto.
O
primeiro segmento do debate foi dedicado ao Supremo Tribunal de Justiça
e a questões relacionadas com o assunto. Trump atacou Hillary por
querer acabar com a Segunda Emenda, que garante aos norte-americanos o
direito à posse de armas. Hillary garantiu que defende a Segunda Emenda,
mas que "é preciso mais regulação", uma vez que "há 33 mil pessoas que
morrem todos os anos por crimes com armas de fogo". Trump replicou
dizendo que Chicago tem as leis mais restritivas e que, mesmo assim, é
das cidades com maior número de crimes.
Em
relação ao aborto também ficou clara a diferença entre os dois
candidatos. Trump contra. Hillary pró-escolha. "Com base no que ela
defende é possível arrancar um bebé do útero aos nove meses de gravidez.
Isso não é aceitável", atacou Trump. "Esse tipo de retórica do medo é
muito infeliz", respondeu a democrata.
A
imigração foi o segundo tema e ficaram bastante nítidas as diferenças
entre os candidatos. Trump frisou que quer reforçar as fronteiras. "Sim,
vou construir um muro. Precisamos de um muro, precisamos de parar com o
tráfico de drogas. Vou expulsar os traficantes".
Neste
ponto Hillary desferiu um golpe no seu adversário tentanto provocá-lo. A
democrata referiu que Trump não teve coragem de falar no muro quando se
encontrou há dois meses com o presidente mexicano e que se "engasgou". O
republicano disse que o encontrou com Peña Nieto foi "muito agradável".
"Somos
uma nação de imigrantes e de leis. Sou a favor do controlo nas
fronteiras, mas não quero destruir famílias separando-as. Não quero a
força de deportação que o Donald pretende. Trump construiu a Trump Tower
com imigrantes ilegais. Não quero que pessoas como Donald continuem a
explorar trabalhadores", afirmou Hillary.
Vladimir Putin e fantoches
O
presidente russo surgiu no debate depois de Wallace questionar Hillary
sobre um discurso, num encontro privado com uma instituição financeira
brasileira tornado público pelo Wikileaks, em que a candidata democrata
terá dito que queria fronteiras abertas. Hillary aproveitou para dar a
volta à questão, sublinhando que o importante era saber a razão pela
qual a Wikileaks, "ajudada por hackers russos", estava a querer
influenciar as eleições norte-americanas. Para a democrata a razão é
simples: Putin "quer ter um fantoche como presidente dos EUA". Trump
retorquiu - "fantoche é você" - sublinhando que ele seria sempre muito
mais respeitado do que a democrata.
Os
alegados abusos sexuais de Trump contra mulheres também estiveram em
cima da mesa. O candidato negou todas as acusações. "É completamente
falso. Nem sequer pedi desculpa à minha mulher porque nem sequer conheço
essas pessoas". Hillary contra-atacou: "O Donald pensa que humilhar as
mulheres é algo que o engrandece". Trump defendeu-se dizendo que ninguém
tem mais respeito pelas mulheres do que ele.
No
que à economia diz respeito as diferenças também ficaram claras. Trump
quer reduzir os impostos e Hillary quer aumentá-los para as classes mais
altas. O republicano disse que consigo o PIB passará a crescer pelo
menos 4% ao ano, mas não especificou com que medidas pretende atingir
esse objetivo.
"Com apenas 20 dias até
às eleições, o debate não foi uma discussão entre iguais, mas uma
desesperada tentativa de recuperar terreno por parte de um candidato que
está em queda", escrevem Patrick Healy e Jonathan Martin do The New
York Times.
Outubro revelou-se, pelo
menos até ao momento, um mês fatídico para Donald Trump. De acordo com a
média das sondagens nacionais partilhada também pelo The New York Times, Hillary tem uma vantagem de seis pontos, 46% contra 40%.
Segundo
o mesmo jornal norte-americano, a probabilidade de uma vitória de
Hillary Clinton é de 92% quando a 27 de setembro era de 70% e a 1 de
junho não ultrapassava os 58%.
De
acordo com o Predict Wise, que baseia as estimativas nas casas de
apostas, antes do debate a probabilidade Hillary vencer as eleições era
de 90%. Depois do debate aumentou para 91%.
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