Macário,
Como leitor assíduo dos teus escritos blogueiros, tenho quase sempre algo a comentar, mas me poupo de assuntos mais complicados.
Esse
assunto da "farra do boi", por exemplo. Em princípio, sou contra.
Aceito que se mate o boi pra comer. E entendo que a vaquejada faz parte
de uma tradição secular. Sabe-se que o boi foi o grande herói da
colonização do Ceará pelos portugueses, a partir dos idos do século
XVII. O boi era o trator que abria caminho aos que aqui vinham se
aventurar nas fazendas a beira rio, em sesmarias concedidas pelo rei de
Portugal. Além disso, era a vaca que fornecia o leite e daí a coalhada, a
manteiga e o queijo etc. Os dois, depois de mortos, davam a carne e
couro, principais produtos de exportação pelos portos de Camocim e
Aracati. Sem o boi o Ceará talvez não fosse nem o que é hoje.
Penso
que a vaquejada surgiu como forma de treinamento de vaqueiros para
pegar os bois "marruás" que se embrenhavam nas matas sem fim. Depois
disso, tornou-se um esporte como corrida de cavalos e briga de galo. No
entanto, acho que apreciar cavalos correndo é diferente de torcer para
que o vaqueiro torça o rabo do boi até arrancá-lo ou vibrar com os galos
se matando diante de plateias sádicas e ávidas por ganhar algum trocado
com o sofrimento dos bichos.
Um abraço do
Francis Vale
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