Simplicidade
José(18 anos) e Ana(17 anos) eram dois
adolescentes enamorados. Ambos de classe média, moravam na rua República do
Peru, entre Nossa Senhora de Copacabana e Barata Ribeiro, na cidade do Rio de
Janeiro. Estudavam para concluir o curso médio e ingressar na UFRJ.
Conseguiram. Os dois cursaram a faculdade de Medicina, fizeram os estágios
necessários e tornaram-se médicos. Passaram a trabalhar, numa mesma clínica de
pediatria, relativamente bem remunerados, decidiram se casar. Continuaram com a
vida normal. A união matrimonial, no entanto, durou pouco mais de 2 anos, pois
havia uma certa incompatibilidade entre o casal, causada pela vaidade de José.
Talvez fosse uma maneira de demonstrar o desejo que possuía de ser mais
competente do que ela. Não era o caso. Ana era preferida por um número cada vez
maior de clientes. Certo dia, de forma grosseira e covarde, ele espancou a
mulher, e resolveu abandonar o lar. Ainda bem que não tiveram filhos. Passou a
ter uma vida de “play boy”. Largou a medicina e gastava de forma pródiga, gorda
herança recebida de um tio industrial. Ana prosseguia, com amor e humildade,
dedicando-se à medicina, visando superar o sofrimento conjugal como também
reconstruir sua vida. A vaidade, causada pelo complexo de inferioridade,
dominou José. Dinheiro na mão. “Muitos amigos”. Noitadas e mais noitadas.
Perdeu a noção do ridículo. Tragicamente faleceu num desastre quando vinha de
um “programa” na Barra da Tijuca. Ana, sempre seguindo os princípios cristãos,
constituiu um novo lar. Com certeza, José não sabia que “A simplicidade é o
mais alto degrau da sabedoria”, segundo Platão. A vida, às vezes, é assim.
Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC - Ex Governador do Ceará e meu amigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário