Procurador admite que Lava Jato foi usada para derrubar Dilma
10:39
Jornal GGN - Sob
anonimato, um procurador da Operação Lava Jato disse à jornalista
Natuza Nery, responsável pelo Painel da Folha desta quarta (24), que o
sentimento comum na força-tarefa hoje é de que eles foram usados para
derrubar a presidente Dilma Rousseff e, agora que o impeachment está
quase consolidado, estão sendo descartados. "Éramos lindos até o
impeachment ser irreversível. Agora que já nos usaram, dizem chega”,
disse o procurador.
Conforme o GGN mostrou semanas atrás, a Lava Jato bateu recorde de aparecimento nas manchetes de jornais
durante o mês de março de 2016, criando o clima favorável ao
impeachment de Dilma Rousseff na Câmara. Mais de um terço das capas da
Folha foram dedicadas à operação e a outras investigações contra Lula. O
próprio Datafolha nunca usou as pedaladas fiscais
para questionar à população se Dilma merecia o impeachment. A pergunta
feita era se as "revelações" da Lava Jato deveriam render o seu
afastamento.
A
fala do procurador ocorre após o ministro do Supremo Tribunal Federal
Gilmar Mendes reagir ao vazamento de suposta delação da OAS citando Dias
Toffoli, membro da Corte, apenas para criar constrangimentos. Segundo a
colunista, "o Estado-maior da Lava Jato é unânime: o avanço das
investigações sobre setores do Judiciário pode acabar se transformando
em um freio na operação."
Após
o episódio, Gilmar deu uma série de entrevistas sinalizando que a Lava
Jato está se comportando como um grupo de "heróis" sem limites e que
deveria, ao invés disso, "calçar as sandálias da humildade". O ministro
também disparou contra uma das propostas defendida pelos membros da
operação no Congresso, que trata da permissão de usar provas obtidas de
maneira irregular, desde que de boa-fé. Chegou a dizer que isso é coisa
de "cretino".
Com
a reação do ministro do STF, o procurador-geral da República Rodrigo
Janot veio à tona defender a Lava Jato do vazamento. Disse que a
responsabilidade pelo factóide entregue à Veja era dos advogados da OAS,
que estariam fazendo pressão para fechar a delação de Leo Pinheiro. Ele
também afirmou que não existe nenhuma menção a Toffoli no depoimento. O
PGR usou esse argumento para suspender as negociações.
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