'Le
Monde': Queda de Dilma ou é golpe de Estado ou é farsa
Paris (França)
35 graus - Editorial do mais importante jornal francês, Le Monde,
questionou, no sábado (26), o processo de impeachment da presidente afastada
Dilma Rousseff. "Se
esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas
dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros."Dilma Rousseff, a primeira
presidente mulher do Brasil, está vivendo seus últimos dias no comando do
Estado. Praticamente não há mais dúvidas sobre o resultado do julgamento de sua
destituição, iniciado na quinta-feira (25) no Senado. A menos que aconteça uma
reviravolta, a sucessora do adorado presidente Lula (2003-2010), que foi
afastada do cargo em maio, será tirada definitivamente do poder no dia 30 ou 31
de agosto.Dilma Rousseff cometeu erros políticos, econômicos e estratégicos.
Mas sua expulsão, motivada por peripécias contábeis às quais ela recorreu bem
como muitos outros presidentes, não ficará para a posteridade como um episódio
glorioso da jovem democracia brasileira.Para descrever o processo em andamento,
seus partidários dizem que esse foi um "crime perfeito". O
impeachment, previsto pela Constituição brasileira, tem toda a roupagem da
legitimidade. De fato, ninguém veio tirar Dilma Rousseff, reeleita em 2014,
usando baionetas. A própria ex-guerrilheira usou de todos os recursos legais
para se defender, em vão.Impopular e desajeitada, Dilma Rousseff acredita estar
sendo vítima de um "golpe de Estado" fomentado por seus adversários,
pela mídia, e em especial pela rede Globo de televisão, que atende a uma elite
econômica preocupada em preservar seus interesses supostamente ameaçados pela
sede de igualitarismo de seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT)."Artimanha",
"farsa", "golpe": as opiniões de Dilma sobre o impeachment. Inimiga número um de parte dos
brasileiros.Essa
guerra de poder aconteceu tendo como pano de fundo uma revolta social. Após os
"anos felizes" de prosperidade econômica, de avanços sociais e de
recuo da pobreza durante os dois mandatos de Lula, em 2013 veio o tempo das
reivindicações da população. O acesso ao consumo, a organização da Copa do Mundo
e das Olimpíadas não conseguiam mais satisfazer o "povo", que queria
mais do que "pão e circo". Ele queria escolas, hospitais e uma
polícia confiável. O escândalo de corrupção em grande escala ligado ao grupo
petroleiro Petrobras foi a gota d'água para um país maltratado por uma crise
econômica sem precedentes. Profundamente angustiados, parte dos brasileiros
fizeram do juiz Sérgio Moro, encarregado da operação "Lava Jato", seu
herói, e da presidente sua inimiga número um. A ironia quis que a corrupção
fizesse milhões de brasileiros saírem para as ruas nos últimos meses, mas que
não fosse ela a causa da queda de Dilma Rousseff. Pior: os próprios arquitetos
de sua derrocada não são santos.O homem que deu início ao processo de
impeachment, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, é acusado de
corrupção e de lavagem de dinheiro. A presidente do Brasil está sendo julgada
por um Senado que tem um terço de seus representantes, segundo o site Congresso
em Foco, como alvos de processos criminais. Ela será substituída por seu
vice-presidente, Michel Temer, embora este seja considerado inelegível durante
oito anos por ter ultrapassado o limite permitido de doações de campanha. O
braço direito de Temer, Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento do governo
interino, foi desmascarado em maio por uma escuta telefônica feita em março na
qual ele defendia explicitamente uma "mudança de governo" para barrar
a operação "Lava Jato".Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo
uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente
são os brasileiros.
A frase: “Não vão romper, não. Nem vão fazer mais que oposição barulhenta, porém
superficial, ao aumento dos ministros do Supremo para quase R$ 40 mil mensais,
"enquanto não há dinheiro para melhorar o que ganham os aposentados".
Em caso de emergência, quem julga os políticos não é o aposentado. Tucano pode
cometer muitos erros, mas não é louco”. CB sobre críticas do PSDB ao PMDB.
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