“O juiz da 3ª Vara da Comarca de Aracati, Jamyerson Câmara Bezerra,
decretou a prisão temporária da primeira-dama e ex-secretária de
Assistência Social, Trabalho e Renda do Município de Aracati, Eline
Gomes de Oliveira Costa, a pedido do Ministério Público do Estado do
Ceará (MPCE), através da Promotoria de Justiça da Comarca de Aracati e
do Grupo de Atuação Especial de Combate a Organizações Criminosas
(GAECO). A primeira-dama, porém, ainda não foi localizada.
A ação integra a segunda fase da operação Lata Velha, deflagrada no
dia 06 de maio deste ano, quando foram cumpridos cinco mandados de busca
e apreensão, sendo um deles na residência da primeira-dama. As
investigações apontam para um esquema de pagamento de propina, no âmbito
da Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Renda, estimado em 20%
do valor de cada obra executada por parte do empresariado. O suborno era
destinado à primeira-dama e aos seus assessores, Sandra Lúcia Martins
da Silva e Regineide Martins da Silva, como forma de troca de favores
entre as partes.
Segundo o que foi apurado, durante o cumprimento do mandado de busca e
apreensão na residência de Eline Gomes, a primeira-dama ligou para uma
pessoa alertando-a sobre a ação da Justiça, afirmando: “cuidado aí com
algum documento”, demonstrando claramente o interesse em obstruir a
investigação. Em outro momento, Eline entrou em contato com uma
interlocutora para saber se algum documento relevante foi apreendido
durante a operação do Ministério Público na Secretaria de Assistência
Social, Trabalho e Renda.
“Mostra-se relevante o colhido no referido procedimento no qual deixa
entrever a existência de fatos graves praticados por agentes públicos
em conluio com terceiros para a realização de obras pela Prefeitura de
Aracati, sendo que tal conluio visava pagamento de comissões vinculadas a
licitações manipuladas. (…) O caso em apreço revela um possível crime
de bando ou quadrilha. Entretanto, o seu desenrolar traz uma parte
obscura, agravado pela conduta da investigada, conforme se extrai do
colhido na interceptação telefônica”, explicou o magistrado da 3ª Vara
de Aracati na decisão.
A operação foi denominada “Operação Lata Velha”, em razão da
justificativa apresentada por uma das investigadas de que os valores
recebidos ilicitamente foram repassados durante uma “campanha”
intitulada daquela forma e seriam usados para fins de promover um
conserto e reforma de um ônibus pertencente à Secretaria de Assistência
Social, Trabalho e Renda.
O esquema fraudulento foi denunciado por uma empresária, Ana Paula Silva
do Vale, que repassava as propinas por meio de depósitos bancários e
entregues em espécie às investigadas, tendo ocorrido em uma oportunidade
a gravação em vídeo da entrega do dinheiro na residência da
denunciante.”
(Site do MP-CE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário