Descobri o truque de Donald Trump
Donald
Trump tem um truque. É forçoso, em alguém que numa atividade pública
força sempre a provocação e cai sempre de pé. Ele estava ali, antes de
dizer a barbaridade; e está um passo à frente, depois de a dizer. Tem de
haver um truque. Não há meio é de descobrir a careca àquele que se
esconde sob a melena mais famosa do universo. No domingo, Trump deu
entrevista à CBS e levou o seu vice, Mike Pence. A jornalista lembrou a
Trump que ele ataca Hillary por ela ter votado a invasão do Iraque, em
2002. Trump confirma e adianta que ele "esteve sempre contra." Mas a
jornalista põe-no em contradição: "Mas o governador Mike Pence fez o
mesmo do que Hillary..." E Trump safa-se com uma pirueta: "Ele tem o
direito de se enganar de vez em quando." E ri-se. Na verdade, a pirueta é
mais cínica: ele, o próprio Trump, em 2002, era pela invasão. Humm,
estou a ver: ele ataca, nunca se desmancha e, quando lhe pedem meças,
desvia a questão. No caso, à custa do companheiro. Mas ele sai-se com um
riso... Melania Trump fez um discurso com frases de Michelle Obama. Num
país onde se checam as vírgulas é incrível um erro assim em campanha
milionária com tantos profissionais ao serviço. Não repararam? Eu
escrevi "Melania Trump" e não precisei de acrescentar "a mulher do
candidato." Há dois dias, tê-lo-ia feito. Hoje, não preciso - graças a
uns plágios menores, já todos sabemos quem é Melania. Já sei qual o
truque de Trump: aproveita tudo para croquetes.
Ferreira Fernandes - Editorialista do jornal Diário de Notícias de Lisboa
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