Força Nacional sai e Governo usará PM em presídios

O Governo do Ceará foi surpreendido com a decisão do Ministério da Justiça, que retirou a Força Nacional de Segurança do Estado. A expectativa era que a tropa, de 100 homens, permanecesse em solo cearense até o dia 15 de julho, mas um treinamento para os Jogos Olímpicos deste ano, que começam no dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro, antecipou a retirada dos oficiais. Diante disso, o governador Camilo Santana anunciou, ontem, que utilizará a Polícia Militar (PM) para suprir a falta dos agentes da Força Nacional, que deixaram as terras alencarinas, nas unidades prisionais.
“Havia um compromisso do Ministério da Justiça de deixar a Força Nacional até o dia 15 de julho, mas fomos surpreendidos com a saída. Ontem mesmo, eu questionei o ministro (Alexandre de Moraes), mas a ordem é que todos tinham que ir por conta das Olimpíadas”, frisou Camilo, acrescentando que “fizemos uma reunião com toda a área da segurança pública para colocar 100 homens da PM, do [Batalhão] Choque, para compensar os 100 agentes que saíram”. A declaração foi divulgada, ontem, durante anúncio da criação da Superintendência Estadual de Atendimento Socioeducativo.
No final de maio, os profissionais chegaram ao Ceará para atuar no sistema carcerário no apoio à recuperação das estruturas das unidades prisionais destruídas pelos detentos e no controle de rebeliões. A crise ocorreu durante e após a greve dos agentes penitenciários, onde os detentos danificaram diversos presídios.
Recuperação
O Governador disse, ainda, já ter recuperado uma unidade prisional e, até amanhã, mais duas serão reativadas. “Aí, poderemos acelerar a recuperação dos outros presídios. Vale lembrar que continuamos com apoio de mais de 60 agentes penitenciários de outros estados, que têm experiência na área e estão dando uma grande contribuição”, afirmou.
Questionado sobre a segurança nas ruas, Camilo afirmou que o Governo trabalha para fortalecer o reforço policial nos presídios, mas sem trazer prejuízo para a presença nas ruas da Capital. “Vamos utilizar o reforço indenizatório que aprovamos recentemente na Assembleia, o que nos permite contratar profissionais da área de segurança pública em seus dias de folga. Isso dará um aumento no nosso efetivo e possibilitará uma melhor atuação”, salientou ele, ressaltando que, por questões burocráticas, ainda não lançou o edital para contratação de mais 4.200 policiais militares. Camilo disse ainda que fortalecerá o efetivo da Polícia Civil.
Eleição Municipal
Camilo falou também sobre eleições municipais. Mesmo diante da expectativa de apoio, inclusive já sinalizado em diversas oportunidades, o Governador tem evitado se manifestar oficialmente pela sua preferência na corrida à Prefeitura de Fortaleza. Com isso, ele ganha tempo e evita racha com o próprio partido. Nos bastidores, Camilo estaria tentando reverter a postura municipal junto a cúpula nacional. Por outro lado, o Governador reafirmou que o prefeito Roberto Cláudio, pré-candidato à reeleição, tem se saído bem na administração da capital cearense.
“Eleição terá um prazo menor. Até lá, teremos tempo para anunciar o meu posicionamento. Em Fortaleza, tenho feito as parcerias institucionais com o prefeito Roberto Cláudio, até pela minha responsabilidade de ajudar o povo de Fortaleza por ser governante. É isso que tenho feito. E não tenho negado que ele é um grande prefeito e amigo”, frisou ele, acrescentando que, agora, tem se dedicado para cuidar do Ceará, justificando ainda que a questão hídrica tem exigido atenção por parte do Governo.
“Tenho dedicado energia e tempo para cuidar do Ceará, O momento é de extrema dificuldade. Não imagina que a questão hídrica tem exigido atenção por parte do Governo. Evitar que haja sofrimento e prejuízo para o abastecimento de água no Estado. Hoje, o Ceará está com o pior acúmulo de água nos seus reservatórios”, disse ele, em resposta ao questionamento sobre eleições municipais.
No final do mês passado, o nome de ex-prefeita Luizianne Lins foi definido como pré-candidata à Prefeitura. Houve apenas uma abstenção entre os 155 votantes do partido. Camilo, na ocasião, não participou da reunião e, recentemente, afirmou à imprensa local que o PT “errou” ao tomar a decisão.
Conhecido pelo diálogo e evitar conflitos, Camilo não quer expor a divergência com o partido, embora esteja bastante claro. Nos bastidores, então, ele tentar convencer os correligionários que o PDT é um partido aliado, o partido que mais defendeu a presidente afastada, Dilma Rousseff, no processo de impeachment, em tramitação no Senado, inclusive é contra o impeachment. Além disso, é aliado nacional e no Estado. Então, segundo ele, nada mais “natural”, que houvesse uma aliança municipal, até mesmo pelo apoio de Roberto Cláudio em 2014, quando foi eleito governador.

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