Bilhete do Fabricio Moreira

BOM DIA MACÁRIO BATISTA!
Acordei bem cedo, aqui na tricentenária Ribeira do Salgado dos Icós, escutando o belo Canto do Galo Caipira da minha estimada vizinha Elisa Angelim, que recentemente festejou seus 96 anos de idade com pura lucidez, e, tal qual este escriba, até os dias atuais espera “O Sertão Virar Mar”, que um dia profetizou em “Os Sertões”, Euclides da Cunha, publicado em 1902.
Em outro contexto histórico, por isso lembrei o Euclides, quando nos chamou a atenção para a guerra de Canudos, que foi liderada pelo cearense Antônio Conselheiro, conterrâneo da cabeça chata de Luizinho Girão e Edmilson Júnior, ocorreu na última sexta-feira em Icó, em que um grupo de cidadãos fez um levante com queima de pneus e barricadas, impedindo, pois, que “Carros-Pipares” abasteçam com as águas limpas do Açude de Lima-Campos, propriedade do finado DNOCS ao estado da Paraíba, parece estar se repetindo.
A guerra de Canudos foi por uma sociedade justa, humana, igualitária e sócio-religioso; a de Lima-Campos é somente por água!
Como diria o repórter Deusimar de Oliveira, agora travestido de Lima-Campos vamos à luta, "a água de beber não pode nos faltar".
Mas em terra de sábios e sabidos, os pipeiros do Estado da Paraíba pegaram o mote de Clóvis Bevilacqua, que um dia escreveu em nosso código pátrio, “que á água é de uso comum do povo”, e, daí, 170 (cento e setenta) carros tanques se fartam as custas de nosso Açude de Lima-Campos.
Outrossim, o nosso Deusimar de Oliveira - o conhecido Carrasco do Tucunaré, empolgado transmissor das boas novas do seu distrito limacampense através de emissoras de rádio, diligenciou e descobriu, que os paraibanos “estavam matando a sede de seu povo, mas como sabidos os são, negociando por vil metal as nossas águas levadas de forma graciosa”.
"Assim é demais para o meu visual", gritou o radialista Richard Lopes, em apoio a Oliveira!
Padre Cícero, lembrando os prenúncios de tempos de seca, certa feita em um de seus sermões, afirmou que em breve “só existirá água nos olhos do povo”, e, refletiu que enfrentaríamos no futuro próximo uma verdadeira guerra pela sobrevivência, por esta substância líquida e incolor, insípida e inodora, essencial para a vida da maior parte dos organismos vivos.
Enfim, Lima-Campos está em pé de guerra contra os pipeiros, mas o poeta Emily Dickinson acalmará os ânimos:
“A água se ensina pela sede;
A terra, por oceanos navegados;
O êxtase, pela aflição;
A paz, pelos combates narrados;
O amor, pela cinza da memória
E, pela neve, os pássaros”.
(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado e contista).

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