CELSO FURTADO
A defesa dos interesses
nacionais e não a corrupção, em tempos de radicalização da “Guerra
Fria”, foi testemunhada e demonstrada por Celso Furtado na obra
autobiográfica “A Fantasia Desfeita” (II tomo, página 253), onde relata
episódio insólito. Celso era ministro do Planejamento. Tramitava no
Congresso Nacional, por iniciativa parlamentar, um projeto de reforma
bancária. O ministro da Fazenda San Tiago Dantas recebeu ultimato do
banqueiro americano David Rockefeller:
– “Ou vocês tiram de imediato esse projeto de lei ou mando cortar todas as linhas de crédito que hoje beneficiam o Brasil”.
E continua Celso Furtado:
– “San Tiago dava a
impressão de estar arrasado. Mas longe de esmorecer continuava a
empenhar-se para criar um clima de compreensão nos círculos de negócios
dos Estados Unidos. Se fracassasse na tentativa, as incertezas
cresceriam com respeito ao processo político brasileiro.”
E foi o que aconteceu em 1964: tanques na rua e nós na cadeia.
Isso sim é que é golpe.
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