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Na ONU, Dilma cita "grave momento" no Brasil e diz que país saberá impedir retrocesso

Do UOL, em São Paulo
Sem citar o termo "golpe" ou se defender abertamente do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff fez uma menção à crise política do Brasil no fim de sua fala na cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima na sede das Nações Unidas, em Nova York, nesta sexta-feira (22), quando disse que o país saberá impedir qualquer retrocesso.
"Não posso terminar as palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil. É um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Não tenho dúvidas de que saberá impedir quaisquer retrocessos", declarou a presidente. No fim, ela se disse "grata" aos líderes que expressaram solidaridade a ela.
A citação à crise política ocupou o minuto final do discurso de Dilma na ONU, que durou cerca de nove minutos e focou no Acordo de Paris. Antes dos discursos, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-Moon, recomentou que os chefes de Estado não falassem mais do que três minutos.
Nos arredores do prédio das Nações Unidas, em Nova York, grupos de brasileiros a favor e contra o impeachment protestaram com faixas e cartazes. Do lado pró-impeachment, o grupo defendia a saída de Dilma e afirmava que ela cometeu crime de responsabilidade; do lado contrário, os defensores da presidente alertavam sobre a existência de um "golpe" no país e também pediram a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Nilton Carauta/UOL
Grupos contra e a favor do impeachment de Dilma próximos ao prédio da ONU
Foi a primeira viagem de Dilma ao exterior, deixando a Presidência para Michel Temer (PMDB), desde o início da crise do impeachment. Nas últimas semanas, a presidente cancelou três viagens ao exterior por conta do agravamento da crise política em Brasília, que chegou ao auge com a votação favorável ao encaminhamento do processo de impeachment da mandatária da Câmara dos Deputados para o Senado, no domingo (17).
Antes mesmo do evento, Temer e ministros do Supremo Tribunal Federal revelaram preocupação com a possibilidade de Dilma abordar o impeachment e classificá-lo como "golpe". Políticos da oposição, como o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e os deputados federais José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Luiz Lauro Filho (PSB-SP), foram a Nova York para rebater o discurso.

Acordo de Paris tem recorde de países signatários

Sobre o Acordo de Paris, Dilma se disse orgulhosa "do trabalho desenvolvido pelo meu governo e pelo meu país". "Hoje, assumo o compromisso da pronta entrada do acordo em vigor. O caminho que temos que percorrer a partir de agora será ainda mais desafiador", afirmou Dilma, que também destacou que a economia e a sociedade precisam ficar menos dependentes de combustíveis fósseis.
Segundo ela, é preciso tomar medidas corretas para a contenção do aquecimento global, reduzindo também a pobreza e a desigualdade. "O conceito de desenvolvimento sustentável precisa ser referência permanente", disse Dilma.
acordo global climático foi assinado na COP-21 (21ª Conferência das Partes) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em Paris, em dezembro. Após 13 dias de debates, representantes de 195 países chegaram, pela primeira vez na história, a um acordo global sobre o clima.
O Acordo de Paris, como ficou conhecido, prevê limitar o crescimento da emissão de gases de efeito estufa e a criação de um fundo global de US$ 100 bilhões, financiado pelos países ricos, a partir de 2020, para frear o aquecimento global a 1,5 °C.
"Hoje, 171 países se reúnem em Nova York para assinar o acordo de Paris. Nunca um número tão grande de países assinou um acordo internacional em um único dia", disse o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ao abrir a cerimônia em Nova York. (Com AFP e Estadão Conteúdo)

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