Quem perde e quem ganha no emprego na Grande Fortaleza

RMF tem 106 mil cortes de empregos este ano

Informalidade sobe, rendimento cai e poder de compra fica cada vez mais restrito. Essa é a realidade do mercado de trabalho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que, em novembro, apesar de a taxa de desemprego ter se mantido relativamente estável, ao passar de 9,4% (outubro) para 9,2% da força de trabalho em novembro – registrou a terceira queda seguida do nível ocupacional, e a mais elevada, para o mês, desde 2010. O corte de empregos saltou de 70 mil para 106 mil em 12 meses – uma redução de 6% em relação a novembro de 2014, o pior nível registrado em 2015. As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMF), divulgada ontem.
oficina_
O resultado mensal é decorrente da menor força de trabalho da região (População Economicamente Ativa – PEA), com o corte de 24 mil postos (-1,3%), em número superior ao corte observado no contingente de ocupados (18 mil, ou -1,1%). Nos últimos 12 meses, enquanto a PEA diminuiu 4,3%, o número de inativos cresceu 9%.
A pesquisa é realizada, mensalmente, pelo Governo do Estado, através da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Sine/CE, Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), nos 13 municípios que compõem a RMF, entrevistando 2,5 mil domicílios.
Comportamento
Na análise mensal, conforme o levantamento, o nível ocupacional recuou mais intensamente em novembro (1,1%), uma vez que o total de ocupados foi estimado em 1,667 milhão de pessoas (contra 1,685 milhão registradas em outubro). O estoque de empregos também caiu, na comparação anual (6%), quando o total de pessoas ocupadas estava em 1,773 milhão em novembro de 2014 – corte de 106 mil postos.
Por sua vez, a taxa de desemprego aberto – que envolve pessoas que procuraram trabalho efetivamente nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, e não exerceram nenhuma atividade nos últimos sete dias – também declinou de 7,8% para 7,4%, entre outubro e novembro últimos. Para o mês de referência, o contingente de desempregados recuou para 169 mil pessoas, 6 mil a menos sobre o mês anterior – sendo a taxa de desemprego de 8,6% entre os homens e de 9,9% entre as mulheres. O tempo médio de procura por trabalho, despendido pelos desempregados, avançou de 28 para 31 semanas (7,7 meses). Em novembro de 2014, o tempo médio de procura era menor: 23 semanas.
Ocupação
A conjuntura econômica do País tem refletido em todos os setores, tanto que, em novembro, não houve nenhuma geração de novas ocupações. Apesar da estabilidade na construção, os demais fizeram cortes, sendo o mais intenso em comércio e reparação de veículos (-13 mil, ou -3,1%), seguido por indústria de transformação (-3 mil, ou -1,1%) e serviços (-1 mil, ou -0,1%).
Na análise por posição na ocupação, caiu o emprego no setor privado (14 mil, ou -1,5%) e no setor público (5 mil, ou -3,8%). No primeiro, o emprego sem carteira de trabalho assinada cresceu (7 mil, ou 4,1%) enquanto que o emprego formal, com carteira, decresceu (21 mil, ou -2,8%). Também cresceram o trabalho autônomo (5 mil, ou 1,2%) e o emprego doméstico (4 mil, ou 3,4%). No conjunto dos trabalhadores classificados nas demais posições (empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais e outras posições ocupacionais), houve queda de 9,9%, com -8 mil ocupações. Em 12 meses, todas as categorias recuaram, sendo a maior variação negativa registrada pelos assalariados (71 mil a menos), enquanto que o emprego doméstico cresceu 4,3% (5 mil postos a mais).
Apesar dos resultados negativos e crescimento do contingente de desempregados, a RMF é a única região entre as pesquisadas (Salvador, São Paulo, Porto Alegre e Distrito Federal) onde a taxa mensal de desemprego ainda não alcançou dois dígitos. Contudo, no acumulado do ano até novembro, o índice atinge 29,6%, atrás de Porto Alegre (75,9%) e São Paulo (43,9%). “O mercado de trabalho da RMF é muito voltado para o setor terciário. Então, ele sofre, relativamente, menos impacto dessa conjuntura do que outros mercados de trabalho”, explicou o analista de mercado de trabalho do IDT, Mardônio Costa.
Rendimentos
O rendimento médio real, entre setembro e outubro, caiu entre ocupados (-0,9%) – queda de 8,4% sobre outubro de 2014 – assim como para os assalariados (-0,1%) – queda anual de 4%, cujos valores passaram a equivaler R$ 1.175,00 e R$ 1.253,00, respectivamente. A massa de rendimentos reais também encolheu entre os ocupados (2%), motivada pelas reduções do nível de emprego e do rendimento médio real – que cai por conta da contratação de informais com baixos salários. No setor privado, o rendimento médio real também caiu 0,4%, e, em um ano, a desvalorização chegou a 3,1%.
Entre os assalariados do setor privado, destaca-se que houve ligeiro aumento entre os trabalhadores com carteira de trabalho assinada (0,2%) – queda de 3,3% sobre outubro de 2014 – embora os sem carteira registrassem queda (1,6%) – contribuindo para o recuo de 1,8% sobre igual mês do ano passado. Já o rendimento médio real do trabalhador autônomo (3,6%), foi o maior registrado, na passagem mensal, passando a corresponder R$ 927,00 – embora haja perda mais intensa na comparação com outubro de 2014 (15,5%), quando o valor era de R$ 1.097,00.

Nenhum comentário:

Postar um comentário