Vaidade
José
e Antônio eram dois amigos de infância. Estudavam no mesmo colégio
público e moravam na rua Esperança, no bairro Solidariedade, no
município de Santo Expedito, no sertão nordestino. Ambos tiravam boas
notas e cumpriam suas obrigações escolares. Na adolescência, os dois
foram para a cidade grande, São Paulo, tentar ingressar na Universidade e
trabalhar. Conseguiram. José cursava medicina e trabalhava numa
livraria. Já Antônio, estudava ciência econômica e era corretor na Bolsa
de Valores. José possuía formação humanitária; sem ambição financeira,
procurava servir aos mais carentes. Antônio empolgou-se com sua
atividade; ficou rico, passou a frequentar as altas rodas paulistanas,
não mais se lembrava do amigo José e tornou-se uma pessoa extremamente
vaidosa. Sempre preocupado com resultados financeiros, pouco dedicou-se à
leitura. Assim, não conhecia Machado de Assis: ʺA vaidade é um
principio de corrupção” e Vieira: “A vaidade entre os vícios é o
pescador mais astuto, e que mais facilmente engana os homens”. Ademais,
não percebia que a vaidade é irmã da insegurança de conhecimento e da
inveja. José, salvando vidas, era símbolo da generosidade. Por ironia do
destino, em razão da vida desregrada e agitada, Antônio enfartou e foi
salvo por José. Sem bem reconhecer o amigo, após receber alta,
perguntou-lhe com arrogância: quanto custa doutor? José respondeu: a
nossa amizade infantil. “Chamamos de zombador o homem vaidoso que trata
os outros com orgulho e desprezo” –(Livro dos Provérbios 21:24). A vida é
assim!
Gonzaga Mota- professor e escritor,ex-Governador do Ceará e meu amigo
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