Opinião

Prisão de PMs mostra que câmeras escondidas podem ser melhor arma contra violência

Mauro Santayana
A prisão de cinco policiais militares no Rio, após execução de um suspeito de 17 anos no Morro da Providência, e também de cinco PMs em São Paulo, após outra execução, em plena luz do dia, nas ruas do Butantã, ambas com o "plantio" de "velas" - armas apreendidas com numeração raspada -  nas mãos das vítimas, para, com tiros simulados, encenar confrontos, prova: contra a violência policial - e a do tráfico - não existe remédio melhor do que câmeras de segurança escondidas.
Mais barata do que qualquer campanha ou mobilização, uma simples webcam de 50 reais, ligada a um computador, camuflada em uma casa de pombo ou em uma antena de televisão no telhado, ou um aparelho de celular ligado, nas mãos de um usuário hábil, em uma fresta de janela, pode fazer mais do que dezenas de testemunhas para esclarecer um crime.  
As comunidades - e as organizações não governamentais e outras instituições de combate à violência, do Rio de Janeiro e de todo o país - deveriam se organizar coletivamente para coletar dinheiro e gastar o que fosse possível nesse tipo de aparelho, o que acabaria servindo, ao longo do tempo, também para inibir a execução de novos homicídios.
Só assim  vai ser possível diminuir, a médio prazo, a impunidade e o genocídio derivado, entre outras coisas, da invasão ostensiva de áreas menos favorecidas das grandes cidades brasileiras, da cultura da aplicação sumária e ilegal da pena de morte contra suspeitos de crimes, e da guerra das drogas em nosso país - enquanto, neste último aspecto, a legislação não avança em outro sentido.

Mauro Santayana é jornalista e meu amigo.

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