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Nova York fecha 40 igrejas católicas a dois meses da visita do papa

A menos de dois meses da chegada do papa Francisco aos Estados Unidos, a Igreja Católica em Nova York fez um enxugamento inédito ao fechar na última sexta-feira (31) quase 40 paróquias, deixando fiéis e mesmo padres inconformados.
Ao menos sete frequentadores de diferentes igrejas enviaram apelos ao Vaticano na tentativa de reverter a medida do cardeal Timothy Dolan, que tem sido criticado pelo ato considerado arbitrário.

Eduardo Munoz/Reuters
Fiéis choram na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Nova York, um dos templos que serão fechados
Fiéis choram na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Nova York, um dos templos que serão fechados
A decisão foi tomada devido à queda no número de frequentadores das missas e dos serviços comunitários. Além da extinção, diversas igrejas foram fundidas.
Em carta aberta, o cardeal disse que "não se pode mais esperar que o nosso povo vá aparecer, que as pessoas que foram batizadas e criadas como católicas vão morrer católicas. Não podemos mais gastar energia e recursos mantendo estruturas que não estão funcionando".
Segundo o centro de estatística católica da universidade Georgetown, em 1965, havia quase 59 mil padres nos Estados Unidos. No ano passado, 38 mil. A população católica praticante representava um quarto da população e passou a representar um quinto.
Francisco chegará aos Estados Unidos em 22 de setembro e viajará a Nova York dois dias depois. Na cidade, o pontífice fará um discurso na Assembleia-Geral da ONU e uma missa no Madison Square Garden.
MÁ PUBLICIDADE
O fechamento das igrejas havia sido anunciado parte no final do ano passado, parte no início deste. Mas esperar até as vésperas da visita do papa para a celebração da missa final causará embaraço aos líderes católicos em Nova York, afirma o padre Patrick McCahill, 72.
"Eles não devem estar muitos felizes que tudo esteja acontecendo ao mesmo tempo, porque não é boa publicidade para a Diocese de Nova York. O papa quer que a gente sirva às pessoas pobres e aqui fecham as igrejas para as pessoas pobres. Não faz sentido", lamentou.

George Goss/Divulgação
O padre Patrick McCahill lamentou o fechamento da igreja de santa Isabel, da qual era responsável
O padre Patrick McCahill lamentou o fechamento da igreja de santa Isabel, da qual era responsável
O padre é responsável pela paróquia Santa Isabel, dedicada a surdos. Ele celebra as missas na linguagem dos sinais e há programas específicos voltados à comunidade que deverão ser transferidos a outra igreja próxima.
Os fiéis não gostaram. Na última missa, houve choro e lamento.
"Nos sentimos traídos. Eles não tinham o direito de fechar. Não vinha muita gente, umas 50 no máximo. E daí? Quem se importa com quantas pessoas frequentam a missa? A gente frequenta", reclamou um fiel que não quis ser identificado.
Kal Chaney, 58, membro atuante da comunidade, é autor de um dos recursos enviados ao Vaticano. Ele argumenta que a igreja está em bom estado de conservação e possui reservas financeiras.
Chaney suspeita que a valorização imobiliária no bairro onde fica a igreja, o Upper East Side, devido à construção de uma nova estação de metrô, pode ter motivado o fechamento.
Mas, pondera, prédios de cinco andares deverão ser demolidos em detrimento de torres de até 70. "O argumento de que falta público não faz sentido para nós. Haverá muito mais gente no bairro", diz.
O Vaticano deverá responder ao seu apelo até setembro. Mas o padre McCahill tem fé de que a visita papal acelere o processo.
"O papa pode melhorar as coisas. Quem sabe. Minha esperança é que sua atitude de cuidar de pessoas vulneráveis tenha penetrado na burocracia da igreja e que eles não vejam motivo para fechar."
McCahill afirma que o enxugamento inédito da Igreja Católica em Nova York condiz com o "ambiente pagão da cidade".
"Você trabalha com pessoas que não ligam para valores religiosos, só querem trabalhar, ganhar mais dinheiro e ter múltiplos relacionamentos."
Se mesmo Nova York observa a migração de contingentes expressivos para outras religiões como as neopentecostais é porque, ao cabo, "essas pessoas percebem que há um buraco no seu coração que só se preenche com a presença de Deus. Provavelmente, não fazemos um bom trabalho vendendo a riqueza da vida católica", admite.
O cardeal Dolan afirmou, em nota, que o processo de enxugamento teve a participação da comunidade e foi pensado para ajudar a arquidiocese melhorar o seu trabalho de evangelização.

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