O presidente da Caixa de Assistência dos
Advogados do Ceará (CAACE), Júlio Ponte, escreveu sobre a crise financeira do
Poder Judiciário do Ceará. ELE comenta o aumento das custas judiciais e a suspensão da
posse dos novos juízes.
"Nos últimos meses a advocacia e a sociedade receberam dois duros
golpes advindos do Poder Judiciário cearense: aumento abusivo das custas
e a suspensão da posse dos novos juízes que teriam a missão de
diminuir, apenas diminuir, as agruras quase que permanentes do exercício
da advocacia, sobremodo no interior do Estado. Uma das justificativas
apresentadas pela presidência do Tribunal de Justiça foi a necessidade
de “efetuar ajustes na relação financeira e orçamentária do Poder
Judiciário do Estado do Ceará”. Contudo, teve orçamento para pagar a um
só magistrado quase R$ 1 milhão de férias vencidas.
Em síntese, o Judiciário está numa situação pré-falimentar. Diga-se o
primeiro grau, pois o segundo grau não passa por isso. Em razão dessa
situação, a advocacia está numa crise sem precedentes nos tempos atuais e
não existem perspectivas a curto prazo para alterar esse quadro
caótico. Precisa que a presidência do Poder Judiciário, pessoa de bem e
de bons propósitos, apresente à sociedade de maneira clara e
transparente, como requer o sistema republicano, a real situação
orçamentária e financeira desse Poder, pois a situação em que se
encontra não pode continuar, muito menos a advocacia pode esperar.
Todo o Estado padece da ausência de juízes e servidores. O chamado
primeiro grau parou. Os advogados estão padecendo e a sociedade idem.
Como está ninguém mais acreditará na Justiça. Temos um dos Judiciários
mais ineficientes deste Brasil. Verdades devem ser ditas para o começo
da solução dessa crise agravada a cada ano: Não podemos admitir que o
Supremo Tribunal Federal apresente ao Congresso Nacional proposta de lei
majorando seus próprios vencimentos para quase R$ 37 mil, tendo o
efeito cascata em todo o país. Não é possível admitir que o juiz,
servidor público igual a qualquer outro nesta república, tenha mordomias
de fazer inveja aos seus colegas do mundo todo. Isto deve ser refletido
a discernimento do que é correto e justo, conforme os primados
estabelecidos pelas teorias da justiça.
Não adianta apenas criticar sem apresentar soluções exequíveis. Nós,
advogados e advogadas, temos o Judiciário como parceiro e nos colocamos à
disposição da presidência do Tribunal de Justiça para ajudar no que for
necessário para a superação da crise. Queremos trabalhar dignamente
para o sustento nosso e de nossas famílias. Queremos ter uma vida
saudável. Portanto, reiteramos nossa ajuda nesse momento de crise.
Todos, unidos, venceremos!
* Júlio Ponte,
Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará (CAACE)."
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