Opinião

O “causo” do vice
 
Último  quadrimestre  de 1984. O então vice-presidente da República, Dr. Aureliano Chaves, convidou 5 dissidentes do PDS para almoçar no Palácio Jaburu, pois estaria recebendo os eminentes Dr. Ulysses Guimarães, presidente do PMDB, e Dr. Tancredo Neves, candidato à presidência do Brasil contra o deputado Paulo Maluf. Tive a honra de ser um dos convidados. Foi a reunião final para formação da Aliança Democrática (PMDB e dissidentes do PDS). O almoço foi rápido e objetivo, começou às 13:00 e terminou às 14:00 horas. A escolha do candidato à vice-presidência na chapa de Tancredo era o único e decisivo assunto. Disse Dr. Aureliano:  “só haverá Aliança Democrática se o candidato a vice for o senador José Sarney”. Ulysses e Tancredo ouviram com paciência, característica principal dos grandes líderes; trocaram olhares e ambos tinham consciência que a palavra “sim” era, de fato, o inicio da redemocratização do Brasil. Concordaram e, nem sequer esperaram pelo cafezinho, pediram licença e foram para o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. Lá estavam reunidos os chamados autênticos do PMDB(FHC, Mario Covas, Freitas Nobre, Paes de Andrade, Luiz Henrique, Pedro Simon e muitos outros). Ulysses e Tancredo, após palavras, discursos, vaias e aplausos, conseguiram convencer os autênticos que a proposta do Dr. Aureliano era o melhor para o País. A decisão tomada na hora do almoço, foi concretizada três horas depois. A dívida histórica do Brasil para com Tancredo, Ulysses e Aureliano é impagável. Acredito, por sua vez, que o destino foi cruel. Assim é a vida.
 
 
Gonzaga Mota- professor, escritor, ex-Governador do Ceará e meu amigo.  
 

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