Opinião


Caros amigos
Remeto-lhes, em anexo, esta matéria em que o Deputado Federal do Ceará, Ronaldo Martins, afirma existir hoje no interior do Estado uma indústria da seca. Ronaldo Martins lista diversas irregularidades nas políticas de fornecimento de água e aponta     haver muitas pessoas que lucram com a seca no Ceará: “Realmente têm pessoas que ganham dinheiro com isso”. Tem muita gente que fatura com a "indústria da seca", frisa. Nesta matéria do Diário do Nordeste,  o referido Deputado “cobra a reestruturação das atividades do DNOCS” e afirma que “há hoje uma notória defasagem tecnológica”, no que estou de pleno acordo.
As afirmações do referido Deputado vêm ao encontro das advertências  que tenho feito em relação à política da água no Estado do Ceará, conduzida pela COGERH,  que apesar do nome, “Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará”,  não sabe qual a vazão regularizada do principal açude do Estado, o Açude Castanhão. Não sabe qual a vazão de consumo da Região Metropolitana de Fortaleza. Utiliza, de forma errônea e inadequada, o “volume de espera”- para controle de enchente do referido reservatório -  como se esse dispositivo,  que deve ficar sempre que possível vazio,  também pudesse  ser utilizado como volume de cumulação d`água  para aumentar, perigosamente, a sua vazão regularizada. Ao desconhecer as características e as funções  do Açude Castanhão, que tem, como disse acima,  um compartimento específico para controle de enchentes, no inverno de  2009, que não teve nada de excepcional, muito abaixo do de 1974 ou do de 1985,  esse reservatório ficou no perigo iminente de rompimento dos seus diques de proteção,  que se tivessem sido rompidos, poderiam “salvar” a barragem propriamente dita, mas arrasaria todo  o Baixo Jaguaribe. (Comentei este assunto em artigo no Jornal O Povo, no dia 12 de fevereiro de 2015, sob o título “Agua: Imperícia e Negligência”).
Que este risco, uma clara prova de incompetência, jamais  venha acontecer e os “maiorais”  da hidrologia do Ceará conheçam melhor o principal açude do Estado, o Açude Castanhão.  É preciso e é fundamental, que conheçam também as nossas características climáticas para que não se “surpreendam” e sejam “pegos de surpresa”  quando da ocorrência de uma seca em nosso Estado. Eu diria para o ex-Ministro da Integração Nacional, um cearense que ocupou no ano passado aquela Pasta, que  nem ele e nenhum cearense pode se “surpreender” com a  ocorrência de  uma seca em nosso Estado, quanto mais ele que lidera e comanda um enorme contingente de técnicos que lidam na área de recursos hídricos  em nosso Estado.
As denúncias do Deputado Ronald Martins não me surpreenderam.  É preciso aprofundá-los.  O que faz a COGERH com a extraordinária arrecadação de dinheiro por conta da venda da água dos açudes do DNOCS, da ordem de 100 milhões de reais anualmente, além de manter cerca de 750 funcionários naquela empresa? É somente para o “monitoramento dos açudes do Ceará”, que na realidade, tem grande participação do DNOCS? Ainda existem trabalhando nesta área, a Secretaria de Recursos Hídricos, a SOHIDRA e a FUNCEME. O DNOCS, em toda a região nordestina, tem apenas 1.600 servidores para manter e operar 36 Projetos de Irrigação, 321 açudes públicos e 670 em regime de cooperação com os estados, municípios e particulares, 14 Estações de Piscicultura, etc. etc. Abraços. Cássio

P.S. – Só agora é que vejo a razão porque alguns ilustres políticos do Ceará  morrem de amores pela COGERH e desprezam o DNOCS, que merecia ter um monumento erguido no coração de Fortaleza, na Praça do Ferreira. 

Cássio Borges é engenheiro e foi da diretoria do DNOCS

Nenhum comentário:

Postar um comentário