O escritor que veio do Icó

TAGARELICE COMBINA COM MENTIRA.
Lá se vão os anos passando. Vão carregados pela carruagem do tempo e a velha terra dos papagaios continua a tagarelar, como eles fizeram no passado, antes de chegarem por aqui faladores de línguas mais eficazes como Pedro Théberge, Freire Alemão, João Brígido e o auspicioso José de Oliveira Neto, dentre outros.
Pois bem, voltando ao assunto da tagarelice, é somente o que ouvimos no dia a dia da nossa bela e adormecida cidade. Logicamente, que adoçada com uma boa dosagem de mentiras, já que quem muito tagarela, também muito mente.
Digo isto, porque qualquer morador desta terra dos Icós, por menor crítico que seja, há de concluir que é absolutamente triste e inútil a forma como os homens da política atual se utilizam dos meios de comunicação local para a imposição de suas mensagens, enfiadas de goela abaixo sem qualquer conteúdo que nos traga um alento.  De tão ocas, elas, as mensagens, são engolidas, digeridas e lançadas fora como excremento sem qualquer sobra que alimente a alma.
Papeis ridículos, desempenhados por atores também ridículos, para uma plateia apática, omissa talvez, desencantada talvez, desesperançada com certeza.
Enquanto isto, com muito circo e pouco pão, a cidade vai caindo pelas tabelas, com a saúde digna de internamento em UTI, com educação escorregando nos degraus do engano, com obras sempre anunciadas e nunca colocadas em prática.
Enquanto isto, os equipamentos construídos com o suado dinheiro do público, vão ficando por aí inacabados, de portas trancadas, sem utilidade pública, em completo estado de abandono.
Enquanto isto, os deserdados do programa bolsa família vão se espalhando por aí, os desempregados vão ficando por aí, os idosos e crianças abandonados vão ficando por aí, as meninas prostituídas vão ficando por aí, os jovens sem o primeiro emprego, mas com a primeira experiência com entorpecentes, também vão ficando por aí.
Enquanto isto, se discute a captura e morte dos cachorros, as novidades ou não do Forricó, (agora fora de época), a posse ou não do antigo novo presidente da Câmara. Discute-se até quem foi o pai, a mãe, os agregados, padrastos e madrastas que geraram e  abortaram a estrada do Icozinho. 
Enquanto isto, as emissoras de Rádio, (concessões comunitárias e públicas), jogam palavrões e ameaças ao vivo e em cores, com direito a espiões ou ouvidores oficiais para a troca de insultos imediatos e vulgares, tudo testemunhado pelo trovejar de bombas que explodem nos altares dos santos da conspiração municipal.
Enquanto isto, Jaime Júnior pergunta “para onde irei”? Jaimizinho, apregoa que “Jaime Alencar está vivo e eu voltei”. Neto Nunes diz que “para ser feliz, precisa ser Laís”. Lá pelas beiradas, como doidos comendo milho assado na areia quente, Professor Willame Sarmento grita que “tanto fez, como tanto faz, eu quero é ser candidato” e o revolucionário Bebel, apelando para a metamorfose ambulante, diz que “pare o mundo que eu quero descer”.
Enquanto isto, paro de escrever, ou então dirão que também amaluquei e estou tagarelando demais. Quem observa de fora, com certeza dirá: o município da Ribeira dos Icós, é maluco demais.

(Por Fabrício Moreira da Costa, advogado,  contista e membro da Associação Icó Patrimônio Vivo).
E meu amigo.

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