Em guerra particular com
Dilma e PT, presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ajuda a desmontar base do
governo e contribui para agravar crise econômica.
Há
momentos nas crises que impõem a avaliação da importância do que está em jogo.
Os fatos das últimas semanas e, em especial, de quarta-feira, com as evidências
do desmoronamento da já fissurada base parlamentar do governo, indicam que se
chegou a uma bifurcação: vale mais o destino de políticos proeminentes ou a
estabilidade institucional do país? Mesmo o mais ingênuo baixo-clero entende
que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), age de forma assumida como
oposição ao governo Dilma na tentativa de demonstrar força para escapar de ser
denunciado ao Supremo, condenado e perder o mandato, por envolvimento nas
traficâncias financeiras desvendadas pela Lava-Jato. Daí, trabalhar pela
aprovação de “pautas-bomba”, destinadas a explodir o Orçamento e, em consequência,
queira ou não, desestabilizar de vez a própria economia brasileira. Até há
pouco, o presidente do Senado, o também peemedebista Renan Calheiros (AL),
igualmente investigado na Lava-Jato, agia na mesma direção, sempre com o apoio
jovial e inconsequente dos tucanos. Porém, na terça, antes de almoço com o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Renan declarou não ser governista, mas
também não atuar como oposicionista, seguindo o presidente da Câmara, e
descartou a aprovação desses projetos-bomba pelo Congresso. Um gesto de
sensatez. A Câmara retomou as votações na quarta, com mais uma aprovação
irresponsável, da PEC 443, que vincula os salários da Advocacia-Geral da União,
delegados civis e federais a 90,25% da remuneração dos ministros do Supremo.
Espeta-se uma conta adicional de R$ 2,4 bilhões, por ano, nas costas do
contribuinte. Reafirma-se a estratégia suicida de encurralar Dilma, por meio da
explosão do Orçamento, e isso numa fase crítica de ajuste fiscal. É uma
clássica marcha da insensatez. Os sinais de esfarelamento da base parlamentar
do governo foram reforçados pelo anúncio de PDT e PTB de que não votarão mais
com o Planalto. A crise avança para reduzir ainda mais a estreita margem que o
governo tem no Congresso para combater os desajustes da economia.
Justificou-se, assim, a iniciativa do vice-presidente, Michel Temer (PMDB),
principal articulador político do Planalto, de fazer tensa declaração de
reconhecimento da gravidade da situação e apelar para que haja um entendimento
amplo a fim de conter a bola de neve de duas crises que se alimentam, a
política e a econômica. Somou-se à
atitude de Temer a ida do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, à
Câmara para, entre elogios ao PSDB e reconhecimento de erros cometidos pelo PT,
propor um “acordo suprapartidário” diante da situação difícil na política e na
economia. Algo nunca visto por parte de um petista estrelado. Mais um teste de
maturidade para os tucanos. Se a conjuntura já é muito ruim, a situação piora
com o deputado Eduardo Cunha manipulando com habilidade o Legislativo na sua
guerra particular contra Dilma e petistas. Equivale ao uso de arma nuclear em
briga de rua, e com a conivência de todos os partidos, inclusive os da
oposição. É preciso entender que a crise política, enquanto corrói a capacidade
de governar do Planalto, turbina a crise econômica, por degradar as
expectativas e paralisar o Executivo. Dessa forma, a nota de risco do Brasil
irá mesmo para abaixo do “grau de investimento”, com todas as implicações
previsíveis: redução de investimentos externos, diretos e para aplicações
financeiras; portanto, maiores desvalorizações cambiais, cujo resultado será
novo choque de inflação. Logo, a recessão tenderá a ser mais longa, bem como,
em decorrência, o ciclo de desemprego e queda de renda.Tudo isso deveria
aproximar os políticos responsáveis de todos os partidos para dar condições de
governabilidade ao Planalto.” Isto é editorial do O Globo. O que houve?
A frase: "Nós não estamos diante de um problema conjuntural, nós estamos dentro
de uma crise fiscal estrutural, que não foi a Dilma que produziu, caiu no colo
da Dilma. Ela vem sendo produzida lentamente há muitos anos. Ela ajudou,
obviamente." Delfim Netto, o Bruxo.
O gênio da raça (Nota da foto)
"Viva enquanto está vivo porque
depois que você morrer, sua vida acaba."Tiririca, o gênio da filosofia.
Pauta bomba
Este humilde colunista tem avaliado o
ódio que habita a mente doentia de perdedores dos últimos pleitos, e aí se
inclui Presidência da República, Governos estaduais e algumas prefeituras por
este Brasilzão de meu Deus.
Pauta bomba II
Leia o que diz Bresser Pereira, do PSDB:
“Surgiu um fenômeno que eu nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio
coletivo da classe alta, dos ricos, contra um partido e uma presidente. Não era
preocupação ou medo. Era ódio. Esse ódio decorreu do fato de se ter um governo,
pela primeira vez, que é de centro-esquerda e que se conservou de esquerda. Fez
compromissos, mas não se entregou. Continua defendendo os pobres contra os
ricos. O ódio decorre do fato de que o governo revelou uma preferência forte e
clara pelos trabalhadores e pelos pobres”(FSP 01/03/2015).
Pauta bomba III
Complementa Leonardo Boff: “Este ódio
foi insuflado fortemente pela imprensa comercial do Rio e de São Paulo, por um
canal de TV de alcance nacional e especialmente por uma revista semanal que não
costuma primar pela moral jornalística e, não raro, trabalha diretamente com a
falsificação e a mentira. Esse ódio invadiu as mídias sociais e ganhou também as
ruas. Tal atmosfera envenena perigosamente as relações sociais a ponto de
que já se ouvem vozes que clamam pela volta dos militares, por um golpe ou por
um impeachment”.
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