Mudando de conversa
Seja qual for a opinião do caro leitor sobre as manifestações, uma coisa
é certa: ninguém gritou lemas em favor da reforma política ou do
financiamento público de campanhas eleitorais. O povo pode ser
surpreendentemente sábio: a principal fonte de corrupção das campanhas
não é o financiamento público ou privado (o primeiro-ministro alemão
Helmut Kohl caiu quando descobriram que recebia, além do financiamento
público de lei, farto financiamento privado em caixa 2). O problema é o
custo das campanhas. Num Estado como São Paulo, um candidato a deputado
estadual sem núcleo fixo de eleitores vai gastar uns dois ou três
milhões de dólares, percorrendo 645 municípios. Tem de buscar esses
recursos em algum lugar; e quem o auxilia não o faz por puro espírito
público.
A solução é criar algum tipo de voto distrital, em que as campanhas
sejam feitas em regiões menores, onde o candidato já seja conhecido, a
custo bem mais baixo. É difícil? É: os atuais parlamentares se elegeram
pelo sistema atual. Por que irão mudá-lo, para correr o risco de
enfrentar campanhas mais difíceis?
Aquele papo furado
Já se dá muito dinheiro público aos partidos - do fundo partidário, R$
1,5 bilhão, ao horário eleitoral, que as emissoras, usando tabela cheia,
descontam do Imposto de Renda. Não tem sentido estimular mais gente a
viver às custas do Tesouro.
E não há quem queira, sem retorno, pagar a campanha dos outros.
É o CB pensa que babado é bico.
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