Hillary Clinton, pressionada pela ala esquerdista do Partido Democrata a
ingressar numa campanha mais agressiva contra a desigualdade de renda,
disse num e-mail enviado a apoiadores que está preocupada com os gordos
salários recebidos por executivos de grandes corporações.
Assumindo um tom mais populista, Hillary, que fez no domingo o anúncio
formal de sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos em 2016,
disse que as famílias norte-americanas ainda enfrentavam dificuldades
financeiras, enquanto "o presidente-executivo ganha, em média, 300 vezes
mais do que a média do trabalhador".
Num início de campanha cuidadosamente planejado e com poucas surpresas,
os comentários soaram inesperados, pelo menos aos progressistas, que os
consideraram um sinal precoce de que Hillary pode tentar se afastar de
políticas econômicas mais ao centro, semelhantes às buscadas pelo seu
marido, o ex-presidente Bill Clinton.
"Eu definitivamente vejo um empurrão da ala esquerda, o que eu acho
ótimo", disse Jared Milrad, um apoiador de Hillary que aparece num vídeo
de lançamento da campanha da democrata à Presidência.
Milrad disse considerar a retórica populista um sinal de que Hillary
"tem escutado" seus apoiadores, tais como ele próprio, que desejam a
adoção das políticas econômicas defendidas pela senadora Elizabeth
Warren, uma heroína dos democratas liberais que é a favor de uma maior
regulação dos grandes bancos e do fortalecimento da rede de segurança
social.
DISTÂNCIA MAIOR ENTRE SALÁRIOS
O entusiasmo de alguns progressistas é ponderado pelo fato de que eles
ainda não conhecem os detalhes das propostas políticas de Hillary
Clinton.
"Até agora não sabemos muita coisa", disse Zephyr Teachout,
ex-candidato ao governo de Nova York. "Espero que Hillary esclareça
quais são seus fundamentos sobre essas questões."
O presidente internacional do sindicato de trabalhadores da siderúrgica United Steel, Leo Gerard, também fez ressalvas.
"Acho que é muito cedo para fazer qualquer juízo sobre o que eu
chamaria de um comunicado de lançamento muito breve, e vamos ver o que
acontece à medida que avancemos", disse Gerard a repórteres numa
conferência da BlueGreen Alliance, uma coalizão de grandes sindicatos e
grupos ambientalistas.
A distância entre os salários dos presidentes-executivos de grandes
corporações e dos trabalhadores aumentou vertiginosamente ao longo das
últimas décadas.
Em 1965, um presidente-executivo ganhava cerca de 20 vezes
mais o que
um típico assalariado ganhava, de acordo com uma pesquisa do Instituto
de Políticas Econômicas, um think tank liberal. Em 2013, a renda de um
CEO era quase 300 vezes maior do que o salário de um trabalhador médio,
segundo a mesma pesquisa.
A desigualdade econômica tem sido, há vários anos, um dos principais
temas de campanha dos democratas, incluindo a vitoriosa campanha de
Barack Obama à Presidência dos EUA.
Os parceiros de Hillary Clinton em Wall Street reagiram com
tranquilidade ao serem questionados, nesta segunda-feira, sobre a
promessa feita por ela de reduzir a desigualdade da classe média.
"Ela vai lidar com a desigualdade. O erro seria simplesmente assumir
que isso é populista", disse Lynn Forester de Rothschild,
presidente-executiva da empresa familiar de investimentos E.L.
Rothschild e apoiadora de Hillary.
"Se as pessoas ricas não estão preocupadas com os níveis atuais de desigualdade de renda, então elas são estúpidas", disse ela.
Com Reuters
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