A
inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), em Fortaleza, ficou em 1,57% no mês de março, sendo
registrada como a quarta maior do País – atrás, apenas, de Porto Alegre
(1,81%), Campo Grande (1,79%) e Curitiba (1,69%). Comparado ao mês de
fevereiro (0,82%), a inflação da capital cearense teve um aumento de
0,75%, considerada bastante relevante por economistas. A variação
acumulada, nos últimos 12 meses, já está em 8,29% na Capital. Os números
foram divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Todos
os índices de Fortaleza superam as médias registradas no País. A média
nacional mensal fechou em 1,32%, enquanto que, em fevereiro, a taxa
ficou em 1,22% - em março do ano passado, o IPCA havia registrado
inflação de 0,92%. No ano, até março, o IPCA acumula taxas nacionais de
3,83% e, em 12 meses, de 8,13%. O IPCA, criado com o objetivo de
oferecer a variação dos preços no comércio para o público final, reflete
o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários
mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Salvador, Recife,
Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre,
Curitiba, Belém, Distrito Federal e Goiânia. O governo usa o IPCA como
referência para verificar se a meta estabelecida para a inflação está
sendo cumprida.
Maiores vilões
De
acordo com a pesquisa, a alta na gasolina foi o que mais refletiu na
alta inflação da capital cearense. Considerando os últimos doze meses, a
alta foi de 11,49% nacional, chegando a 17,05% em Fortaleza. Mais da
metade do índice de março ficou na conta da energia elétrica, cujo
aumento médio nacional foi de 22,08%, gerando 0,71 ponto percentual de
impacto - o mais expressivo do mês -, representando 53,79% do IPCA. Com a
entrada em vigor, a partir de 02 de março, da revisão das tarifas
aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ocorreram
aumentos extras (fora do reajuste anual) para cobrir custos das duas
concessionárias com a compra de energia. Na mesma data, houve reajuste
de 83,33% sobre o valor da bandeira tarifária vigente, a vermelha,
passando de R$ 3,00 para R$ 5,50.
Ainda
com relação ao peso da energia, Fortaleza registrou a quinta maior
variação mensal com 25,81% e reajuste de 8,91%. Assim, com os aumentos
ocorridos, o consumidor está pagando neste ano, em média, 28,32% a mais
pelo uso da energia, enquanto nos últimos doze meses as contas já estão
50,32% mais caras na capital cearense.
Estouro
O
economista Ricardo Eleutério Rocha, destaca que essa alta na inflação
está dentro da expectativa do mercado financeiro para 2015. “Fortaleza
assim como no Brasil, apresentou uma taxa de inflação elevada e
Fortaleza teve um destaque negativo, porque foi a quarta maior e assim
como no Brasil a inflação ficou acima do limite superior da meta. Essa
taxa de inflação dos últimos 12 meses acima de 8% está alinhada com a
expectativa do mercado financeiro. Como todos já previam 2015 será um
ano complicado e nós só veremos, provavelmente, este número descer em
meados do próximo ano”, afirma destacando que política econômica de
combate à inflação da nova equipe econômica, ainda não conseguiu
produzir o resultado desejado.
Ricardo
ainda ressalta que a pesar da alta inflação em Fortaleza, o Ceará não
deve sofrer tanto danos, já que segundo ele, a expectativa é que a
economia cearense tenha um desempenho melhor que o nacional. “No Ceará a
economia deve ter um desempenho melhor que o brasileiro, fazendo com
que o cearense sofra menos com a inflação. Porque se a economia do Ceará
estiver melhor, que a nacional, a taxa de desemprego será menor, a
queda da renda média será menor, então nesse sentindo a expectativa para
a economia cearense é melhor do que a nacional”, enfatiza.
No
entanto, Ricardo ainda destaca que essa alta inflação atinge
diretamente o bolso do assalariado. “A inflação é sempre mais perversa
com os assalariados, porque eles demoram um período de, no mínimo, um
ano para fazer reajuste no seu salário, enquanto isso a inflação vai
comendo a renda e vai tirando o poder de compra, então a inflação é o
pior dos tributos e ela pesa muito para aqueles que tem renda menor”,
destaca.
INPC
O
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também divulgado pelo
IBGE, apresentou variação de 1,40% em março, bem acima do resultado de
0,99% em fevereiro, na capital cearense. No primeiro trimestre do ano, o
índice tem alta de 3,54% e, em 12 meses, de 8,14%. O economista do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese-CE), Gilvan Farias, destaca que os trabalhadores de menor
rendimento tendem a gastar a maior parte de suas rendas com alimentação,
e com os alimentos subindo a população de menos renda é mais
prejudicada. “O salário mínimo já não vai suprir o que ele comprava no
mês passado. Os R$ 788,00, dos meses de janeiro e fevereiro, já não dão
mais para comprar, por exemplo, a mesma cesta básica no mês de março,
porque ficou tudo mais caro”, destacou.
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