O grande dado econômico dos “anos PT”, não são os 370 bilhões de dólares de reservas
monetárias, que deveriam, sim, ter sido mencionados, ao lado do fato de que
eles substituem, hoje, os 18 bilhões que havia no final do governo FHC,
exclusivamente, por obra e graça de um empréstimo de 40 bilhões do FMI, que foi
pago em 2005 pelo governo Lula.
Nem mesmo a condição que o Brasil ocupa, agora, segundo o
próprio site oficial do tesouro norte-americano, de quarto maior credor
individual externo dos Estados Unidos.
Mas o fato de que o PIB, apesar de ter ficado praticamente
estagnado em 2014, saiu de 504 bilhões de dólares em 2002, para 2 trilhões e
300 bilhões de dólares, em 2013, com um crescimento de mais de 400% em 11 anos,
performance que talvez só tenha sido ultrapassada, nesse período, pela China.
E, isso, conforme, não, o IPTE - como está sendo apelidado o IBGE pelos hitlernautas de plantão nas redes sociais - mas segundo estatísticas da série histórica do site
oficial do Banco Mundial.
Faltou também dizer que não houve troca de dívida pública
externa por interna, já que, no período, a dívida pública líquida caiu de quase
60% do PIB, em 2002, para aproximadamente 35%, agora, depois de ter
praticamente duplicado no governo Fernando Henrique, com relação ao final do
governo Itamar Franco.
Há outros dados que poderiam negar a tese de que o país inviabilizou-se,
economicamente, nos últimos anos, como o aumento do salário mínimo de 50 para
mais de 250 dólares em menos de 12 anos, ou a produção de grãos e de automóveis
terem praticamente duplicado no período.
É claro que o PT cometeu erros graves, como estimular a
venda de carros sem garantir a existência de fontes nacionais de combustíveis,
gastando bilhões de dólares no exterior na compra de gasolina, quando poderia
ter subsidiado, em reais, a venda de
etanol nacional no mercado interno, diminuindo a oferta de açúcar no
mercado internacional, enxugando a
disponibilidade e aumentando os ganhos com a exportação do produto.
Ou o de dar início a grandes obras de infra-estrutura - de
resto absolutamente necessárias - sem se assegurar, antes, por meio de rigoroso
planejamento e negociação, que elas não
seriam interrompidas, dezenas de vezes, como foram.
Quem quiser, pode encontrar outros equívocos, que ocorreram
nestes anos, e que poderiam ter sido corrigidos com a participação de outros
partidos, até mesmo da base "aliada" se sua "colaboração"
não se limitasse ao interesse mútuo na época das campanhas eleitorais, e à
chantagem e ao jogo de pressões propiciadas pelos vícios de um sistema político
que precisa ser urgente e efetivamente reformado.
Mas o anti-petismo
prefere se apoiar, como Goebbels,
na evangelização de parte da opinião pública com mentiras, a apontar os
erros
reais que foram cometidos, e debruçar-se na apresentação de soluções que
partam
do patamar em que o país se encontra historicamente, agora, soluções que
extrapolem a surrada e permanente promoção de receitas neoliberais que
se mostraram abjetas, nefastas e indefensáveis no passado, e a
apologia da
entrega, direta e indireta, do país e de nossas empresas, aos interesses
e
ditames estrangeiros.
No discurso do governo - súbita e tardiamente levado a
reagir, atabalhoadamente, pela pressão das circunstâncias - continua
sobrando nhenhenhém e faltando dados, principalmente aqueles que
podem ser respaldados com a citação de fontes internacionais, teoricamente
acima de qualquer suspeita, do ponto de vista dos "analistas" do
"mercado".
Isso, quando o seu conteúdo - em benefício, principalmente,
do debate - deveria ser exatamente o contrário.
Mauro Santayana é jornalista e meu amigo.
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