Deputados esperam explicações de Cid Gomes
A
ida do ministro da Educação Cid Gomes (Pros), hoje, à Câmara dos
Deputados, depois de a Casa aprovar requerimento o convocando, após
declarar, no último dia 27, em Belém, que há cerca de 400 deputados
federais “achacadores”, é aguardada com grandes expectativas por
deputados e senadores em meio à crise estabelecida entre o Palácio do
Planalto e Congresso Nacional, após o Ministério Público divulgar a
lista de parlamentares envolvidos no escândalo da Petrobras. Contudo,
nos bastidores, a informação é de que integrantes do governo tentam
adiá-la, com o intuito de não agravar ainda mais a crise de imagem do
Governo, que anda desgasta com as denúncias de corrupção na Petrobras.
“O
ministro da Educação, Cid Gomes, dentro da sua característica que lhe é
peculiar de ter uma extrema habilidade, vai evitar um acirramento de
ânimos quando estiver, hoje, na Câmara Federal”, aposta o deputado
federal e presidente estadual do PDT, André Figueiredo.
Segundo
o pedetista, as bancadas do seu partido, do Pros, do PCdoB e do PT
tentaram minimizar as declarações dele que causaram desconforto dentro
da Câmara dos Deputados devido à quase generalidade. “Nós queríamos
transformar a convocação em convite uma vez que o ministro já tinha se
colocado a disposição para apresentar as suas explicações”, confessa.
O
parlamentar observou que Cid Gomes foi deputado estadual, presidente
da Assembleia Legislativa e, por isso, sabe bem a importância que tem o
parlamento no Brasil. Para Figueiredo, a expectativa é de que o ministro
Cid Gomes possa dar as suas explicações, mostrando que respeita o
parlamento brasileiro. “O ministro pode pedir desculpa ao Parlamento
enquanto instituição e não necessariamente pedir desculpa a A, B ou C”,
pontuou.
Declaração “infeliz”
Já
o deputado de oposição, Raimundo Gomes de Matos (PSDB), para um bom
diálogo entre o legislativo e o executivo, é fundamental que o ministro
Cid Gomes se desculpe da declaração “infeliz” que fez em Belém. “Se Cid
Gomes não pedir desculpa pelas declarações que deu, já há requerimento
para que ele dê nome aos bois e citando os erros de cada um”, afirmou,
ponderando que Cid “extrapolou” em seus posicionamentos, tendo em vista
pertencer a um cargo de muita responsabilidade que é o Ministério da
Educação. “Acreditamos que o ministro vai contemporizar e afirmar que a
sua declaração contra 400 parlamentares foi impensada, num momento em
que estava preocupado com o seu novo cargo”, acredita. “Eu me considero
dentro dos 113 parlamentares que o ministro acha que são corretos, mas
acho esse número muito pequeno, porque a quase totalidade cumpre com os
seus deveres e obrigações”, pontua o tucano.
Já
o deputado Antônio Balhmann (Pros), coordenador da bancada do Ceará,
aposta que o ministro não vai negar o que falou sobre ter no Parlamento,
deputados e senadores que se aproveitam dos momentos “frágeis” do
governo e conseguirem aprovação de emendas impositivas. O parlamentar
lembra que o presidente Lula, quando foi deputado federal , declarou que
na Câmara Federal tinha cerca de 300 picaretas. Conforme o republicano,
o Congresso tem que se preocupar não é com a declaração do ministro Cid
Gomes e sim o que povo diz sobre o Congresso, onde aponta “não ser
coisa boa”.
Para
Balhmann , o descrédito do povo brasileiro para com o parlamento
brasileiro é tal que não se limita aos 300 e nem aos 400 deputados, mas
dos 513. “No julgamento do povo brasileiro, todos os parlamentares não
merecem crédito, embora a maioria não mereça esse descrédito, essa falta
de apoio”.
Conforme
o deputado, Cid Gomes foi até cauteloso, porque não colocou os 513
parlamentares na mesma vala, deixando 113 de fora como pessoas de
práticas positivas.
Declaração
A
declaração de Cid foi feita a uma plateia de estudantes da Universidade
Federal do Pará. “Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que, quanto
pior, melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil,
porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais
dele, aprovarem as emendas impositivas”.
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