A CIA pode usar o clima como arma?
De repente, o serviço secreto dos EUA descobre o potencial militar da geoengenharia
Christian Frausto Bernal/Flickr
Usar o clima como arma para subjugar o mundo soa como o modus operandi de
um vilão de James Bond, mas um importante cientista da área climática
manifestou preocupação sobre o aparente interesse do serviço de
inteligência dos Estados Unidos pela geoengenharia.
A geoengenharia pretende combater a
mudança climática removendo o dióxido de carbono da atmosfera ou
aumentando a efetividade da Terra – com nuvens ou poeira espacial – para
reduzir o calor do Sol.
Ela é criticada por muitos ativistas ambientais, incluindo
Naomi Klein, por sugerir que um simples truque tecnológico para reduzir
o aquecimento global está próximo, mas a geoengenharia pode ter um lado
mais sinistro.
Alan Robock, que estudou o potencial
impacto de um inverno nuclear nos anos 1980, deu o alarme sobre o
financiamento parcial pela CIA de um relatório da Academia Nacional de
Ciências sobre diferentes abordagens ao combate da mudança climática, e o
fato de que a CIA não explicou seu interesse pela geoengenharia.
Fazer do clima uma arma não é novidade.
Documentos do governo do Reino Unido mostraram que, 99 anos atrás, um em
cada seis testes na estação militar experimental de Orford Ness, em
Suffolk (Leste da Inglaterra), tentava produzir nuvens artificiais que,
esperava-se, atrapalhariam as máquinas voadoras alemãs durante a
Primeira Guerra Mundial.
Assim como muitos experimentos militares,
esses testes falharam, mas a semeadura de nuvens tornou-se uma
realidade entre 1967 e 1968, quando a Operação Popeye dos EUA fez as
chuvas aumentaram em uma porcentagem estimada em 30% em partes do
Vietnã, na tentativa de reduzir o movimento de soldados e recursos para o
Vietnã do Sul.
Nos últimos anos, o programa americano de
pesquisas militares Haarp espalhou uma nevasca de teorias sobre como
essa instalação secreta no Alasca manipulou os padrões climáticos com
sua pesquisa da ionosfera. Se o Haarp realmente tivesse tanto sucesso,
provavelmente não estaria sendo fechado este ano.
O argumento de que se fosse
possível aprender a controlar o clima os bandidos já o estariam fazendo
não combina com as teorias da conspiração, entretanto. Alguns acreditam
que o clima já está sendo moldado por “rastros químicos” de aviões,
deliberadamente preparados com substâncias tóxicas, e misteriosos
defensores da guerra climática estão, por motivos desconhecidos,
tornando o Leste dos EUA insuportavelmente frio e a Califórnia dominada
pela seca. Cientistas climáticos rejeitam essas teorias, e evidências
como a longa lista de patentes de instrumentos que modificam o clima
tendem a demonstrar o âmbito ilimitado da imaginação humana, mais que o
alcance mais restrito da tecnologia operacional.
Robock está certo ao levantar preocupações sobre quem
controlará as tecnologias de modulação climática que derem certo, mas as
profecias de James Bond são boas. A filmagem do novo filme da série Espectro foi interrompida no início deste mês por fortes ventos na Áustria coberta de neve.
Se existe um deus do clima, ainda não somos ele.
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