Opinião


Lugar de trabalhador...

A Petrobras, além de descredenciar as empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato (sem esperar a formalidade de ver as culpas reconhecidas pela Justiça), decidiu afastar empresas brasileiras da concorrência para construir equipamentos navais. Ou a Petrobras sabe algo que ninguém mais sabe, ou perdeu o rumo:

1 - uma empresa, mesmo tendo sido usada para cometer crimes, não vai para a cadeia. Se afastar os responsáveis pelos atos criminosos, substituindo-os por gestores idôneos, se repuser os prejuízos que causou, somados às respectivas multas e indenizações, pode continuar trabalhando. O descredenciamento terá um efeito perverso: quem pagará pelos problemas que não criou será o empregado. Sem serviço, a empresa demitirá em massa (e parece que várias já o estão fazendo). As 23 empreiteiras descredenciadas, mais outras empresas que vivem da prestação de serviços a elas, empregam algumas centenas de milhares de pessoas. Uma delas, das grandes, tem cem mil funcionários. Quantos sobrarão?

2 - A contratação exclusiva de grupos estrangeiros para outros serviços, com o objetivo de moralizar os negócios, é indefensável. No cartel do Metrô e dos Trens, que vem sendo investigado, há uma ou outra empresa brasileira, mas a imensa maioria no cartel é de empresas estrangeiras de grande porte. Há aquela empresa holandesa multada por corrupção na Holanda, por exemplo. Há outras. Corrupção não é característica exclusiva de grupos (e governos) brasileiros. E as possibilidades de demissões são portentosas: segundo cálculos da Força Sindical, só essa medida tem potencial para desempregar 300 mil trabalhadores.

...é na rua

A questão, por si explosiva, não se limita à destruição de empresas nacionais, desemprego em massa e entrega do mercado nacional a estrangeiros, sem qualquer vantagem para o país. Envolve também questões financeiras de alta complexidade: se as empresas nacionais quebrarem, como pagar os créditos que captaram nos bancos?

Até mesmo a cadeia de crédito e produção entra em risco.

De Carlos Brickmann

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