Polícia caça cúmplices de atentados na França
Parceira do sequestrador que matou quatro reféns em mercado judeu de Paris está foragida
A polícia da França está caçando
possíveis cúmplices dos atiradores que mataram 17 pessoas em dois dias
de ataques extremistas. As autoridades investigam que tipo de ajuda os
suspeitos podem ter recebido de dentro e de fora do país para planejar e
financiar os atentados.
O principal alvo é Hayat Boumeddiene, a parceira de
Amedy Coulibaly. Ele foi morto quando a polícia invadiu um supermercado
em Paris na sexta-feira.
Possível cúmplice de extremistas é caçada pela polícia francesa/ Foto: AP
A suspeita teria estado com Coulibaly quando uma policial foi morta na capital. Ela é descrita como "armada e perigosa".
No outro cerco ocorrido na sexta-feira, dois homens que
participaram do ataque à revista Charlie Hebdo dois dias antes foram
mortos pela polícia.
O presidente François Hollande elogiou as forças policiais, mas fez um alerta sobre a possibilidade de novos ataques.
Ele agradeceu as forças de segurança por sua "bravura e
eficiência", afirmando que a violência desta semana foi "uma tragédia
para a nação".
Hollande afirmou que a ameaça ainda não acabou. "Nós
temos que ficar vigilantes. Também peço a vocês que fiquem unidos – essa
é a nossa arma", afirmou ele em pronunciamento à nação.
Cúmplice
François Molins, o procurador chefe da França, disse que as autoridades estão focadas em achar Boumeddiene.
François Molins, o procurador chefe da França, disse que as autoridades estão focadas em achar Boumeddiene.
Ela e Coulibaly desapareceram após o assassinato da
policial. O suspeito reapareceu na sexta-feira quando invadiu o
supermercado Hypercasher, no leste de Paris, mas ela permanece foragida.
O jornal francês Le Monde publicou uma série de
fotografias que mostrariam Coulibaly com Boumeddiene em 2010. Em uma
delas, a mulher de 26 anos aparece usando um véu que cobre todo o seu
rosto – peça de vestuário de uso proibido na França - apontando uma
besta para a câmera.
O procurador afirmou que a investigação deve se "focar
em determinar quem eram os cúmplices, como essas atividades criminosas
foram financiadas e nas instruções e ajuda que podem ter sido recebidas
de (apoiadores) da França e de outros países".
Ele disse que 16 pessoas foram detidas para
interrogatório até agora, incluindo a mulher de um dos irmãos suspeitos
de atacar a Charlie Hebdo e outros membros da família deles.
Ato político
O presidente francês elogiou a atuação das forças de segurança nos cercos de sexta-feira.
O presidente francês elogiou a atuação das forças de segurança nos cercos de sexta-feira.
Ministros franceses se encontrariam na manhã deste
sábado para planejar os próximos passos do governo. Els também planejam
realizar um grande comício no centro de Paris no domingo.
O premiê britânico David Cameron, a chanceler (premiê)
alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy devem
participar do ato.
O presidente francês elogiou a atuação das forças de segurança nos cercos de sexta-feira/ Foto: AP
O presidente americano Barack Obama disse que as
agências de inteligênciade seu país ajudarão a França a lidar com
possíveis novas ameaças.
Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos atualizou
suas recomendações a viajantes, afirmando que americanos fora dos
Estados Unidos devem se manter vigilantes.
Fim dramático
Os dois cercos da polícia a extremistas na França na sexta-feira terminaram de forma dramática.
Os dois cercos da polícia a extremistas na França na sexta-feira terminaram de forma dramática.
O primeiro deles – em Dammartin-en-Goele, a 35
quilômetros de Paris – evolveu os dois irmãos que atacaram a revista
Charlie Hebdo.
Suspeitos de atentados contra a França estavam em lista de vigiados de britânicos e americanos
Cherif e Said Kouachi foram mortos quando saíram
atirando do prédio onde estavam refugiados. O local estava cercado pela
polícia.
Um funcionário feito refém havia sido solto mais cedo
pelos suspeitos e um segundo empregado, que estava escondido na
lanchonete do edifício, foi libertado pela polícia quando o tiroteio
terminou.
Logo depois, as forças de segurança lançaram um ataque
contra o supermercado invadido por Coulibaly em Paris. O suspeito foi
morto e 15 reféns foram resgatados. Os corpos de quatro vítimas foram
encontrados. Elas teriam sido mortas antes da invasão policial.
Vigiados
Autoridades francesas afirmaram que Coulibaly e os irmãos Kouachi já haviam sido identificados previamente. Said Kouachi viajou para o Iêmen em 2010.
Autoridades francesas afirmaram que Coulibaly e os irmãos Kouachi já haviam sido identificados previamente. Said Kouachi viajou para o Iêmen em 2010.
Os irmãos estariam ainda em listas de suspeitos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos.
Durante o cerco na sexta-feira em Dammartin-en-Goele,
Cherif Kouachi telefonou para uma rede de TV francesa e afirmou que
estaria agindo em nome do ramo do Iêmen da rede extremista al Qaeda
(AQAP).
O grupo divulgou na sexta-feira uma mensagem elogiando o
ataque, mas logo depois parou de reivindicar a autoria. Um líder da
AQAP, Harith al-Nadhari, afirmou que "os soldados de Deus" ensinaram aos
franceses "os limites da liberdade de expressão".
Suspeitos de atentados contra a França estavam em lista de vigiados de britânicos e americanos/ Foto: Reuters
Também na sexta-feira, por meio de uma ligação
telefônica, um homem que alegou ser Coulibaly ameaçou matar reféns se a
polícia invadisse o local onde os irmãos estavam refugiados.
As autoridades investigam ainda centenas de telefonemas
que teriam sido realizados entre os dois grupos de extremistas nos meses
anteriores ao ataque.
O premiê francês Manuel Valls afirmou que houve "uma
falha clara" da inteligência francesa. "O fato de 17 pessoas morrerem
mostra que erros foram cometidos", afirmou.
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