Grupo protesta contra aumento de tarifa
Com bandeiras e entoando hinos, a concentração aconteceu na Praça da Bandeira, no Centro, e seguiu em passeata pela Avenida Duque de Caxias até o Paço Municipal, sede da Prefeitura de Fortaleza. A expectativa era a de negociar as reivindicações com o prefeito Roberto Cláudio, o que não aconteceu, pois segundo a assessoria da Prefeitura, ele estava em uma reunião na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Essa é a primeira manifestação de 2015. Estamos na luta, pois vemos que há a possibilidade da implantação da tarifa zero em Fortaleza. Há cidades no Brasil que já contam com essa sistemática, sem prejuízos nem para a gestão pública nem para os empresários”, explicou a diretora do Movimento Organizado dos Trabalhadores e Trabalhadoras Urbanos (MOTU), Eliane Almeida. Ela acrescenta que o aumento da passagem atinge a população de maior vulnerabilidade, que são os desempregados e muitos estudantes. “Há jovens que não estudam porque não têm dinheiro para pagar a passagem, mesmo sendo meia”, afirmou.
EM CIMA DA HORA
Eliane reclamou, ainda, que o reajuste foi divulgado muito em cima da hora e no período das férias. “Parte das classes estudantil e trabalhadora está de férias. Então, vemos isso como uma rasteira, pois estão todos desarticulados. Mas não vamos deixar que o transporte coletivo seja transformado em mercadoria. Nós não vamos abrir mão do direito de ir e vir”, destacou.
“A passagem de ônibus aumentou pelo segundo ano seguido em R$ 0,20. Esse reajuste inclusive está acima da inflação, o estudante e o trabalhador desempregado são os que mais sofrem nesse sentido. Nós como movimento social organizado, nosso dever é manifestar e dialogar. Queremos a redução da passagem. Também pedimos que a Câmara de Vereadores sancione uma lei para que tenha um passe livre para estudantes e desempregados a exemplo do que acontece em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em João Pessoa”, explicou o coordenador estadual do Levante Popular da Juventude, Miguel Braz.
Os estudantes também estiveram presentes na manifestação. A diretora estadual da União Nacional dos Estudantes (UNE), Germana Amaral, acredita que as manifestações são importantes passos para as conquistas. “O valor do transporte aumentou, mas não vemos mudanças palpáveis. Os R$ 0,20 pesam muito no final do mês. Então, lutamos para o passe livre estudantil. Temos consciência de que não teremos uma resposta imediata, mas que não vamos desistir fácil”, adiantou Germana.
O porteiro Damião Matos esteve presente no ato e falou: “Chamam transporte público, mas não é, pois pagamos para usufruir dele. Esse aumento é um absurdo, pois os ônibus são de péssima qualidade, superlotados e sem segurança. Os trabalhadores não têm culpa da crise. Eles têm que melhorar os ônibus sem aumentar a tarifa”, argumentou o porteiro.
PORTAS FECHADAS
Com medo de depredação, comerciantes do entorno do Paço Municipal fecharam as portas. Durante o ato, jovens com rostos cobertos picharam a fachada da sede da Prefeitura. João Eudes, dono de uma casa de rações, por exemplo, fechou o comércio duas horas antes, contra a sua vontade. “Estou fechando com medo de depredações. Mas o meu prejuízo aqui será grande, pois o horário em que eu mais vendo é no final da tarde”, desabafou.
A tropa de choque da Guarda Municipal ficou apenas dentro do Paço Municipal fazendo a segurança do local. Não houve confronto, e ninguém saiu ferido. Ao final do ato, às 17h, os manifestantes marcaram outro encontro hoje, às 17h, na Praça da Igreja da Parangaba.
COMEÇA HOJE
Hoje, entra em vigor o reajuste de R$ 0,20 anunciado pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) na última terça-feira. Isto é, a passagem de ônibus agora custa R$ 2,40 a inteira e R$ 1,20 a meia. De acordo com o secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), João Pupo, o aumento de 9,09% na tarifa foi motivado pelos reajustes salariais dos trabalhadores dos transportes coletivos, o aumento do preço final do óleo diesel, dentre outros insumos.
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