Cronologia de um crime que "parece" que não ocorreu


Revogada prisão preventiva de militar
Mais uma reviravolta no caso do subtenente do Exército, acusado de matar o filho de nove anos e agredir a esposa. A Justiça revogou, ontem, 3, a prisão preventiva de Francilewdo Bezerra Severino. A decisão foi da juíza Christianne Braga Magalhães Sobral, da 3a Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua. O subtenente foi preso em flagrante no último dia 11 de novembro. Até o momento, ele está internado no Hospital Geral do Exército, sem previsão de alta.
Na última segunda-feira, 1o, a defesa pediu o relaxamento da prisão, alegando que não havia provas que sustentassem a versão de que Francilewdo tivesse matado o filho, que foi envenenado com chumbinho. O advogado do militar afirmou que as provas colhidas nas investigações apontam a mulher de Francilewdo como responsável pela morte da criança. O requerimento sustentou, ainda, que Cristiane Renata Coelho Severino destruiu as provas dos crimes e forneceu depoimentos contraditórios a fim de ludibriar a Justiça.
Para Walmir Medeiros,  advogado do subtenente, não há dúvidas sobre a inocência de seu cliente, pois todos os indícios apontam para a mulher. Ele destaca ainda que apenas Francilewdo e o filho foram envenenados com chumbinho (veneno para rato), enquanto Cristiane Renata tomou tranquilizantes.
No mesmo dia, o Ministério Público do Ceará (MP/CE) emitiu parecer a favor da prisão preventiva do acusado, por entender existirem notícias desencontradas de que o suspeito seria vítima e não o autor do suposto envenenamento.

DECISÃO
Ao apreciar o pedido, a juíza disse ter “verificado a inexistência de fundamento plausível para a manutenção da prisão preventiva”. Também destacou que o acusado nunca foi processado, não se fazendo necessária sua custódia por conveniência da instrução criminal ou aplicação da lei penal, além da comprovação de que possui residência e empregos fixos na cidade. No entendimento da magistrada, não basta alegar a gravidade do delito como justificativa para decretar a prisão cautelar, “porque esta só se legitima quando a medida se mostrar absolutamente necessária.”

PARA ENTENDER O CASO
• 11 de novembro. Desde o início, o caso do militar do Exército acusado de matar o filho autista de nove anos, agredir a esposa e tentar o suicídio chamou atenção.  Na madrugada do dia 11 de novembro, vizinhos acordaram com os gritos de Cristiane Renata, que despertou e encontrou a criança morta e o marido inconsciente. O crime aconteceu no Conjunto Napoleão Viana, no Bairro Dias Macedo. À polícia, a mulher relatou que o marido a espancou e a obrigou a tomar tranquilizantes com vinho. Uma mensagem, supostamente escrita pelo militar no Facebook, reforçou a versão de que ele havia planejado a morte do filho e o suicídio. Ele foi internado no Hospital Geral do Exército.

• 12 de novembro. A mensagem que revelava a motivação do crime e levantava a suspeita de que a mulher teria um amante foi editada depois da internação do subtenente, que seguia em coma. A atualização do post suscitou questionamentos sobre a versão contada por Cristiane Renata.

• 18 de novembro. Delegado Wilder Brito, titular do 16o Distrito Policial, revela que o laudo toxicológico da criança aponta que ela morreu por ingestão de chumbinho. O subtenente também ingeriu a mesma substância. O laudo contraria a versão da esposa, que sustentava a ingestão de tranquilizantes.
• 19 de novembro. A mulher do subtenente prestou depoimento à Polícia Civil durante cinco horas. Cristiane Renata sustentou sua versão inicial.

• 24 de novembro. Francilewdo Bezerra Severino recupera a consciência e é informado do caso. Em choque, ele não consegue lembrar detalhes da noite do crime.

• 28 de novembro. O militar depõe durante quatro horas. Ele nega que tenha matado o filho e agredido a mulher. Confirma que a esposa tinha acesso às senhas de suas redes sociais. A defesa do militar aponta Cristiane Renata como suspeita.

• 1o de dezembro. Defesa do subtenente pede o relaxamento da prisão preventiva.

• 3 de dezembro. A juíza Christianne Braga Magalhães Sobral, da 3a Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua revoga a prisão preventiva de Francilewdo. A polícia segue com as investigações e analisa celulares, HD externo e notebook do casal.
 

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