Cearense de escola pública
acerta 95% do ENEM
Por isso os paulistas como o Cerra boicotaram o ENEM.
A
ficha da biblioteca, lugar preferido de João na escola, já vai na
segunda folha e ultrapassa os 40 livros (Foto: Camila de Almeida)
João Vitor dos Santos, 16, acertou 172
questões das 180 do Enem. O estudante do 2º ano de uma escola pública
quer cursar Ciências Biológicas
Ver João Vitor falar sobre a recente
conquista é assistir à luta entre a timidez do garoto mais acostumado
aos livros do que a grandes conversas e o orgulho de quem está vendo o
esforço recompensado. O número da vitória é de impressionar: João Vitor
acertou 172 questões das 180 que compõem o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem). O equivalente a 95,5% de acertos. Mas João Vitor Claudiano
dos Santos, 16, aluno do 2º ano da Escola de Ensino Médio Governador
Adauto Bezerra, ainda não consegue mensurar o significado do feito.
O menino agora espera o resultado
oficial, que deve sair em janeiro de 2015, mas, em um comparativo, João
Vitor ultrapassou os 164 acertos da estudante mineira Mariana Drummond,
que conquistou o primeiro lugar no Enem 2013. A nota final ainda depende
do desempenho na Redação, que João acredita ter sido a mais difícil das
avaliações.
“Sempre ouvi falar da dificuldade
que é o Enem e tinha medo. Mas quando vi, sinceramente, achei muito
fácil. Quando corrigi pelo gabarito, não fiquei assustado, apenas
lamentei pelas oito (questões erradas)”, diz com a simplicidade de quem
dormia em média quatro horas por dia para garantir o bom desempenho, que
ele credita também ao apoio recebido dos professores.
A ficha da biblioteca, lugar
preferido de João, já vai na segunda folha e ultrapassa os 40 livros. A
leitura assídua é o segredo dele. “O que tem de cansativo no Enem são os
textos grandes. Então, minha estratégia foi me adaptar à leitura, ler
livros grandes, alguns com linguagem rebuscada”.
João, cujo maior orgulho é ter
estudado a vida toda em escola pública, ainda não sabe se irá cursar o
3º ano, mas quer fazer Ciências Biológicas e sonha em viajar para o
Reino Unido pelo Ciência Sem Fronteiras. Aos 16 anos, ele tem muito bem
traçados os planos da vida. “Sempre me vejo fazendo especialização em
bioquímica e biologia molecular. Quero ser pesquisador e estudar o resto
da vida”.
Criado pela mãe, a aposentada Ana
Maria Santos, morador do bairro Vila União, quarto de cinco irmãos, João
será o primeiro da família a ingressar no ensino superior. Os estudos
foram, para ele, a forma de transformar o próprio destino. “Sou um
garoto que não conheceu o pai, que sempre sofreu bullying por ser nerd,
por causa do cabelo, do sapato, da magreza. O estudo não combateu minha
timidez, mas me ajudou a ser feliz”.
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