A
quinta edição da Marcha Pela Vida Contra o Aborto, em Fortaleza,
reuniu, ontem, no Aterro da Praia de Iracema, centenas de pessoas de
toda idade em favor à vida. Promovida pelo Movimento em Favor da Vida
(Movida), teve como tema, este ano, a adoção, destacada por um dos
coordenadores do Movida, Fernando Lobo, como uma opção contra o aborto.
Segundo
Fernando, “a adoção sempre foi uma opção que toda mulher tem quando se
fala em gravidez indesejada. As pessoas, geralmente, colocam como se o
aborto fosse uma única opção, mas não. Há várias opções e uma delas é a
adoção”, disse. Ele ressaltou, ainda, que a Marcha teve a finalidade de
informar à sociedade sobre o processo de adoção para que possam se
preocupar mais com o tema, e assim, consigam destravar as burocracias.
“A realidade da adoção, no Brasil e no Ceará, tem melhorado bastante e é
isso que a gente busca dentro da sociedade, que a gente possa
sensibilizar autoridades políticas para agilizar esse processo”, afirmou
o coordenador.
O
evento, de organização suprapartidária e suprareligiosa, deu início por
volta de 17h com saída do Aterro da Praia de Iracema. Em cima do trio
elétrico, representantes da sociedade civil, políticos e religiosos
discursavam sobre o objetivo central: alertar sobre o direito à vida
desde a concepção. No percurso, a cantora paraibana Elba Ramalho e o
cantor cearense Chico Pessoa, animaram o público.
Mais
uma vez sendo atração principal do ato, Elba Ramalho destacou que
defender a causa é uma consequência natural. A cantora, que não cobra
cachê de participação, afirmou que defender à vida deveria ser a coisa
mais espontânea do mundo. “Uma sociedade que surge contra ela mesma, é
uma sociedade sem perspectiva, sem esperança. Como você pode controlar a
violência do mundo, se a violência começa dentro do ventre da mãe? Como
desejar paz no mundo se não existe paz no ventre da mãe?”, observou
Elba, dizendo, ainda, ser “voluntária do amor”.
Várias
entidades apoiam a Marcha. Dentre elas, a Câmara Municipal de
Fortaleza, Jovens pela Vida, Comitê Cearense da Cidadania Pela Vida -
Brasil Sem Aborto e Associação Estação da Luz.
ENTRAVES BUROCRÁTICOS
Um
dos pontos enfatizados no evento foi a questão da morosidade nos
processos de adoção. De acordo com Daniele Gondim, vice-presidente da
ONG Acalanto – grupo de apoio a adoção no Ceará, cerca de 500 meninos e
meninas vivem em casa de acolhimentos em Fortaleza, e 91 crianças e
adolescentes estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). “Nós precisamos
entender as necessidades da destituição, que tem que ser urgente para
as crianças, respeitando, claro, todas as condições da família biológica
em adotar o seu filho. Então, se houver essa condição, que seja a mais
rápida possível e as crianças sejam colocadas para adoção o mais rápido
possível”, ressalta Daniele, que diz também ser necessário a
sensibilidade de todos os envolvidos com a pauta – judiciário,
assistentes sociais e equipes de acolhimentos.
Segundo
ela informa, a cada destituição que se concretiza, mais crianças entram
no Cadastro de Adoção. E lembra que as dificuldades para adoção são
muitas; há entraves por todos os caminhos, principalmente no perfil das
crianças, quando os pais desejam escolher cor ou idade. “Como as
crianças demoram a receber a destituição, elas crescem nos abrigos, é
difícil de ter todo mundo aberto para uma criança mais velha, embora a
adoção tardia seja necessária, possível e viável”.
PROJETO MÃE LEGAL
A
vice-presidente da ONG Acalanto falou sobre a proposta da entidade
junto ao Poder Judiciário em criar o projeto chamado Mãe Legal, o qual
já existe em outros Estados e cujo objetivo é acolher a mãe e já
encaminhar o bebê para o Cadastro de Adoção. “É uma ideia da Acalanto e
nós, pretendemos junto ao judiciário, ajudá-los na implantação, mas
sabemos que precisamos de pessoas para isso. Precisamos conscientizar a
sociedade e essa é uma possibilidade viável”, disse Daniele.
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